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Inibidores de Angiogênese Podem Estar no Mercado em 5 Anos

SÃO PAULO (Reuters) - Drogas antiangiogênese podem estar disponíveis no mercado para tratar pacientes com câncer dentro de três a cinco anos, afirmou Lee M. Ellis, do Centro de Câncer MD Anderson (EUA), durante palestra no Simpósio Internacional em Oncologia Gastrintestinal, promovido pelo Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo.

Segundo o pesquisador, que vem estudando antiangiogênicos desde 1992, essas drogas podem inibir o crescimento do tumor. Elas agem sobre os vasos sanguíneos e matam o tumor de fome, impedindo sua nutrição.

"Em testes realizados no MD Anderson, verificamos que os inibidores de angiogênese provocaram a morte das células endoteliais -- que revestem vasos sanguíneos e linfáticos -- e, depois, ocorria a morte das células tumorais", explicou Ellis.

De acordo com o pesquisador, a angiogênese (o desenvolvimento de vasos sanguíneos) é importante em alguns processos do desenvolvimento e da manutenção do corpo humano em condições normais. Ele explicou que múltiplos fatores estimuladores e inibidores -- pelo menos 20 -- contribuem de forma equilibrada na angiogênese.

Ellis afirmou que no tumor, no entanto, mais fatores estimuladores estão expressos. "O Fator de Crescimento Vascular Endotelial (VEGF), o Fator de Crescimento Celular Endotelial Derivado de Plaqueta (PD-ECGF) e a angiopoietina 1 são alguns destes fatores", citou Ellis.

"O VEGF, uma proteína encontrada em quase todas as células, é o mais potente fator angiogênico identificado", destacou Ellis.

Segundo Ellis, na maioria dos casos, os inibidores de angiogênese são compostos por anticorpos artificiais dos fatores, anticorpos artificiais dos receptores de fatores e inibidor de tirocina cinase.

"O inibidor de tirocina cinase, que pode ser tomado por via oral, é uma linha de pesquisa promissora, uma vez que a terapia antiangiogênica tem que ser seguida pelo paciente por toda a vida para se controlar o câncer", destacou Ellis.

Ele acrescentou que inibidores de angiogênese vêm sendo testados em seres humanos, como a angiostatina e a endostatina, descobertas por M. Judah Folkman, da Faculdade de Medicina de Harvard, a droga SU5416 e o anticorpo de VEGF. Folkman é considerado o "pai" dos inibidores da angiogênese.

Ellis afirmou que, ao contrário da quimioterapia, os antiangiogênicos não afetam células não-cancerosas e, por isso, causam menos efeitos colaterais.

"Os efeitos colaterais iniciais dos inibidores de angiogênese são relativamente baixos, como sangramento nos tumores e coagulação nos vasos sanguíneos", disse Ellis.

O pesquisador destacou, no entanto, que os antiantiogênicos não correspondem à cura do câncer sozinhos. "Eles precisam ser combinados a outras terapias, como a quimioterapia."

Ele acredita que pesquisadores devem esclarecer algumas questões envolvendo os antiangiogênicos, como seus efeitos colaterais a longo prazo, a melhor combinação de tratamento, entre outros.

"É essencial entender a biologia e o processo da angiogênese para desenvolver terapias adequadas e eficazes", disse Ellis. "Não existem respostas simples para questões complexas", acrescentou.

Sinopse preparada por Reuters Health

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