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Droga Anticâncer Está Sendo Testada em Seres Humanos

Um ano e meio depois da substância endostatina ter sido anunciada como a grande promessa no combate ao câncer, em função dos ótimos resultados em experimentos com ratos, começam agora os testes com seres humanos. Os primeiros pacientes, doentes em quem os tratamentos tradicionais não funcionaram, já estão recebendo doses da droga. O tratamento está acontecendo no Dana-Farber Câncer Institute em Boston. Durante a primeira fase do projeto, os médicos vão monitorar os efeitos colaterais e analisar a evolução dos tumores dos pacientes.

O pesquisador Judah Folkman, do Children's Hospital da Harvard Medical School, de Boston, é o responsável pela descoberta das duas novas drogas que ganharam atenção mundial, a endostatina e a angiostatina. Os dois medicamentos são inibidores de angiogênese, isto é, reduzem o tumor cortando o suprimento de sangue. Num organismo com câncer, artérias se espalham ao redor do tumor e o alimentam, fazendo com que ele cresça. Se o suprimento de sangue é interrompido, o tumor morre de inanição. "O trabalho de Folkman é polêmico na comunidade científica norte-americana. Outros centros de pesquisa não conseguiram reproduzir os mesmos resultados positivos obtidos por ele em testes com ratos. Segundo ele, isso ocorre porque os cientistas não estão seguindo os procedimentos corretamente", explica o médico Paulo de Biasi, diretor do Hospital do Câncer do Instituto Nacional Câncer (Inca), no Rio. Para ele, somente a fase de testes com seres humanos poderá dimensionar a real eficácia destas drogas.

Nas pesquisas com ratos, os tumores pararam de crescer e em alguns casos encolheram até se tornarem nódulos inofensivos. Os testes do Dana-Faber são os primeiros com seres humanos. Desta etapa, chamada de Fase I, participarão entre 15 e 30 pacientes escolhidos ao acaso dentre os que se inscreveram e foram aceitos pelo programa. Apesar da ausência de casos de cura total, os testes estão servindo para comprovar que as drogas são capazes de bloquear os casos sangüíneos que abastecem as células cancerosas podendo contribuir de forma significativa para o controle da doença.

Os oncologistas brasileiros também estão acompanhando e colocando em prática o uso de novos medicamentos e tecnologia no tratamento do câncer. Cidades como Rio, São Paulo, Curitiba, Campinas, Belo Horizonte e Recife possuem hospitais de oncologia comparáveis aos existentes na Europa e nos Estados Unidos. ''Diversos tipos de cânceres dependem do nível de informação da comunidade, por meio de campanhas preventivas. Somente nesta década o governo brasileiro passou a dar ênfase na educação e esclarecimento da população e os resultados não são imediatos", afirma Biasi.

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