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Roncar durante a gravidez é ligado à redução do crescimento fetal

NEW YORK – Mulheres grávidas que roncam são mais propensas do que as que não roncam a apresentar hipertensão associada à gravidez e estão sob risco aumentado de ter uma criança considerada pequena para a idade gestacional, relatam pesquisadores.

Mulheres com peso acima do desejado estão sob risco particularmente alto, de acordo com o Dr. Karl A . Franklin e colaboradores, do Hospital Universitário em Umea, Suécia.

"Mulheres que relatam roncos habituais são mais pesadas antes da gravidez e ganham mais peso durante a gestação," eles informam na edição de janeiro da revista Chest.

O ronco é um problema comum na gravidez. O estudo de 502 mulheres que acabaram de dar à luz encontrou que 23% delas roncaram durante a gravidez enquanto apenas 4% roncavam antes de ficarem grávidas. Quatorze por cento das mulheres que roncavam tinham pressão sangüínea alta comparadas com apenas 6% das que não roncavam, enquanto houve desenvolvimento de pré eclâmpsia em 10% das que roncavam comparado com 4% das que não roncavam, observam os pesquisadores. A pré eclâmpsia é uma condição perigosa caracterizada por pressão sangüínea elevada, inchaço nas mãos, pés e face, e presença de proteína na urina. No exame do peso para a idade gestacional dos bebês nascidos das mulheres do estudo, os autores relatam que o crescimento fetal foi mais lento em 7.1% dos bebês nascidos de mulheres que roncaram comparados com 2.6% entre os nascidos de mulheres que não roncaram.

Em geral, o ronco habitual durante a gravidez foi associado com o dobro do risco de pressão sangüínea alta, e aproximadamente 3.5 vezes maior de crescimento fetal lento, comparado com as mulheres que não roncam. Não está claro se a hipertensão associada à gravidez leva ao ronco por causar acúmulo de fluido na faringe que estreita as vias aéreas ou se o ronco por si só poderia realmente levar a complicações.

Os pesquisadores apontam que o ronco pode ser um sinal de apnéia do sono – um bloqueio intermitente das vias aéreas superiores que pode levar os indivíduos a parar de respirar por poucos segundos por dezenas ou mesmo centenas de vezes por noite. A apnéia do sono tem sido relacionada com aumento da pressão sangüínea tanto em homens quanto em mulheres, e no estudo, ocorreu em 11% das mulheres que roncaram comparados com somente 2% das mulheres que não roncaram.

Os resultados sugerem que "a resistência das vias aéreas superiores durante o sono pode afetar o feto e confirmar a relação previamente sugerida entre a apnéia do sono e o retardo do crescimento intra-uterino," escrevem Franklin e colaboradores.

FONTE: Chest 2000;117:137-141.
Publicado em Bibliomed Saúde em 25/01/2000

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