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31 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Cientistas identificaram um defeito genético em ratos que provoca uma doença extraordinariamente semelhante ao lúpus humano.
As descobertas apontam para uma explicação completamente nova para o surgimento do lúpus e de outras doenças similares, segundo os pesquisadores.
O lúpus sistêmico eritematoso, geralmente chamado de lúpus, é uma doença auto-imune -- distúrbio em que o sistema imunológico ataca os tecidos do próprio corpo. O que provoca esse ataque ainda é um mistério, mas essa nova pesquisa sugere que o lúpus e outras doenças auto-imunes envolvam anormalidades na forma que o corpo produz carboidratos.
Os cientistas associaram sintomas semelhantes ao lúpus em ratos a uma mutação em um gene que ajuda a formar os carboidratos que ficam na superfície das células. Para os pesquisadores, é possível que a mutação altere os carboidratos da superfície celular até um ponto em que o sistema imunológico as percebe como estranhas e as ataca.
O chefe da equipe, Jamey D. Marth, da Universidade da Califórnia, em San Diego, disse à Reuters Health que este é um conceito completamente novo no que se refere à origem das doenças auto-imunes.
"Até agora, isso não era sequer visto como uma possibilidade ", disse o pesquisador.
As conclusões da equipe de Marth foram publicadas na edição de 30 de janeiro do Proccedings of the National Academy of Sciences.
O lúpus é uma doença incurável caracterizada por inflamação e danos a tecidos e órgãos em todo o corpo, incluindo articulações, pele, vasos sanguíneos, coração, pulmões e rins.
A gravidade varia de acordo com cada pessoa, e os sintomas como fadiga, artrite e erupções cutâneas aparecem tipicamente em forma de ondas. Os pesquisadores acreditam que o defeito genético tenha um papel importante na doença, mas ainda precisam isolar o gene responsável.
No novo estudo, a equipe de Marth criou um rato com uma mutação em um gene envolvido na formação de estruturas de carboidratos da superfície da célula. Os pesquisadores descobriram que o defeito provocou anormalidades nos carboidratos das superfícies celulares dos animais e danos parecidos com o lúpus.
Para Marth, a doença produzida pela sua equipe é mais próxima do lúpus que em qualquer outro modelo com rato.
Ainda não se sabe se uma mutação semelhante é responsável pelo lúpus em humanos. De qualquer forma, nos últimos anos, os pesquisadores descobriram que alguns pacientes com distúrbios auto-imunes têm anormalidades no processamento de carboidratos, apontou Marth.
Se um defeito no gene para carboidrato estiver por trás de pelo menos alguns casos de lúpus, poderia ser possível tratar a doença com terapia genética ou com drogas mais tradicionais, observou o pesquisador. Segundo Marth, a pesquisa mostrou que "o que colocamos dentro do corpo" -- mesmo mudanças de dieta -- pode alterar os carboidratos da superfície da célula.
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