Artigos de saúde
Dando continuidade a matéria, o especialista em neurologia, Dr. Ronaldo Gama Pacheco aborda a questão dos psicotrópicos em crianças e adolescentes.
Transtorno Alimentar
Os transtornos alimentares como a anorexia e bulimia nervosa, falha persistente em comer ou mamar adequadamente, podem gerar ganho ou perda de peso significativo, afetando igualmente crianças de ambos os sexos, além de transtornos como a obesidade.
O tratamento é uma intervenção psico-educacional, que se inicia com a puericultura junto às mães. Nestes casos, as dietas e as drogas são ineficazes. Após a adolescência, as alterações do apetite normalmente estão associadas ao quadro psiquiátrico, como a esquizofrenia. Isto é ainda comum em crianças com retardo mental.
A anorexia nervosa e bulimia têm fundamentos neurobiológicos que se manifestam através de sensações de fome e saciedade. Este transtorno é ainda caracterizado por deliberada perda de peso induzida e/ou mantida pelo paciente. A sua prevalência é maior no sexo feminino, e seu diagnóstico é feito entre 14 e 18 anos.
A bulimia nervosa se caracteriza por repetidos ataques de hiperfagia e preocupação excessiva com controle de peso corporal. Existem dois subtipos. O chamado purgativo, que se caracteriza pela auto-indução de vômitos ou uso indevido de medicamentos, e o chamado sem purgação, que se manifesta através do uso de outros comportamentos compensatórios inadequados, como os jejuns e/ou exercícios excessivos.
O diagnóstico se baseia na preocupação que persiste com o comer, o pavor de engordar, e a tendência em estabelecer um limiar de peso. Normalmente a idade de 17 anos é mais adequada para o diagnóstico. A prevalência é maior no sexo feminino e as suas causas são a tendência familiar e o estresse como fator desencadeante.
O tratamento mais indicado é a psicoterapia individual ou de grupo, mudanças alimentares e orientações, terapias, orientação educacional da família, e participação em trabalhos de grupo. A medicação com fluoxetina e a sertralina são as mais indicadas.
Transtornos do Sono
Segundo Dr. Ronaldo Pacheco, eles incluem o estudo das diversas fases do sono Rem e não–Rem, como a insônia, hiperssonia, e tratamento do sono-vigília, o sonambulismo, terrores noturnos e pesadelos. A insônia é a quantidade e/ou qualidade insatisfatória de sono que persiste por um período. Na maioria das vezes, as crianças que tem este problema apresentam durante o dia inquietude, irritação, falta de atenção e ansiedade.
Já os adolescentes e adultos se queixam de tensão, fadiga, e ansiedade. As causas podem pode ser primárias, que surgem após um estresse psicossonal ou fisiológico, e, secundárias, que resultam em conseqüências das drogas em geral. Ambas podem ser transitórias ou crônicas.
O tratamento da insônia requer orientação educacional nos casos de crianças pequenas. No caso de crianças maiores e adolescentes, o tratamento é feito através de orientação psicológica e psicoterapia de grupo, comportamental. O uso de medicamentos pode ser evitado por mais de 15 dias devido à dependência.
O terror noturno acontece através de um quadro de pânico com intensa localização e acontece na terceira ou quarta fase do sono não Rem. Normalmente os pacientes não respondem ao tratamento psicoterapêutico e o uso de medicamentos só é feito em crianças maiores, nos quais, as crises duram mais do que 15 minutos.
Já o sonambulismo, segundo o médico, acontece a partir de uma tendência genética e, neste caso, deve ser feita apenas a orientação familiar. O transtorno familiar estaria ligado ao quadro de eletivo, como por exemplo, o paciente fala com os irmãos mas não com seus colegas de classe. Como tratamento são indicadas a orientação fonoaudiológica e a psicodinâmica, com prescrição de antidepressivos. O prognóstico é favorável neste caso.
Vinculação ou Apego
Os transtornos de vinculação ou apego podem aumentar riscos para desajustes psicossociais. Neste caso, deve haver uma intervenção terapêutica. Isto, segundo o neurologista, acontece com crianças que já sofreram algum tipo de problema como abusos físicos, queimaduras, falta da troca de fralda quando bebês e humilhação. Na situação em que ocorreu abuso sexual, deve acontecer maior prevenção e orientação educacional e psicológica.
Os transtornos sexuais em crianças maiores ou adolescentes estão ligados à deficiência ou ausência de fantasias sexuais e desejo de ter atividade sexual, o que causa, segundo o médico, um grande sofrimento. Nestas situações, deve-se observar o uso do álcool, sedativos, etc.
O quadro de esquizofrenia está ligado às anormalidades orgânicas e o seu quadro clínico acontece através de delírios, comportamento e linguagem desorganizados, apatia marcante e retração social.
O tratamento é feito com orientação familiar, psicoterapia individual e familiar e uso de antipsicóticos. Nesta situação, devemos observar os efeitos colaterais dos medicamentos. O retardo mental está ligado ao desenvolvimento incompleto do cérebro com interrupção na estruturação mental e habilidades.
As principais causas são a Síndrome de Down, desnutrição e infecção materna, erros de metabolismos (fenilcetonúria), hipotiroidismo, prematuridade e complicações no parto. Os pós-natais são os traumatismos de crânio, infecções como as encefalites e a desnutrição pelos transtornos neurodegenerativos.
Este transtorno requer dietas especiais, fisioterapia e terapia ocupacional. O uso de psicotrópicos deve ser feito em determinados sintomas.
O suicídio, explica o médico, é uma idéia de fácil contaminação para outros adolescentes e o seu maior índice está entre 15 a 19 anos de idade, com prevalência no sexo masculino. Os fatores de risco, ligados a uma ocorrência de suicídio, são chamados de fatores que demonstram sinais de perturbação ou uma maior evidência de causas e/ou situações.
Os fatores chamados de suicidógenos são os eventos circunstanciais considerados importantes para o adolescente, especialmente, em conjunto com uma outra série de fatores como, as relações familiares, sociais, de saúde, reveses, sentimentos, questões sociais e econômicas e perdas por traumas físicos.
O médico explica ainda, que normalmente, as idéias de mortes são permeadas por racionalização ou intelectualização. As mais comuns são o culto à morte, vingança, inveja, ciúme, rejeição ou abandono, redenção de alguma culpa, chantagem emocional, falta de ajuda, de esperança e misticismo.
Já os transtornos afetivos são os sentimentos de autodesvalorização, críticas recebidas, sensação de perda das relações familiares, sentimentos de culpa. Isto normalmente é ocasionado pela depressão, choro, problemas de auto-estima, irritabilidade, rendimento escolar rebaixado, sociabilização, atividade motora reduzida ou abolida, transtornos do sono e alimentação, somatização de vários fatores, entre outros.
Já a impulsividade está ligada à impaciência, o agir antes de pensar, hiperatividade, falta de modos/educação. A intervenção se dá através da prevenção e orientação, caso já tenha ocorrido algum aviso anterior, como a ingestão de álcool ou atitudes consideradas exibicionistas. O tratamento acontece através de psicoterapia, psicodinâmica, maior participação familiar e dos amigos. Tudo isto na tentativa se prevenir novos atos, se o suicídio, por exemplo, se completar, finaliza o médico.
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