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Receitas Médicas são Indecifráveis para 25% dos Pais

SÃO PAULO (Reuters) - Cerca de um quarto dos pais ou responsáveis por crianças atendidas em pronto-socorro não conseguiu compreender o tratamento prescrito pelo médico, indica um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em aproximadamente 24 por cento dos casos, os acompanhantes não foram capazes de falar corretamente o que estava escrito na receita -- nome e tipo do medicamento, quantidade das doses e horário -- nem retransmitir as orientações do médico, segundo a universidade.

"Este não é um problema só de legibilidade, mas de compreensão do tratamento", disse Flávia Sternberg, aluna de Medicina da universidade, que desenvolveu o estudo orientado pela professora Regina Célia de Menezes Succi.

Sternberg também analisou o conteúdo das prescrições médicas e, em 12 por cento delas, não decifrou o tratamento recomendado. Outros 33 por cento das receitas exigiram da estudante de Medicina grande esforço para este entendimento.

Durante o estudo, foram entrevistados 100 pais ou responsáveis de crianças atendidas no setor pediátrico do pronto-socorro do Hospital São Paulo, ligado à Unifesp. Os adultos respondiam a um questionário, informando condições socioeconômicas, grau de escolaridade, motivo de ida ao pronto-socorro, atendimento do médico, entre outros.

"Quando os pais não entendem o nome ou a dose do remédio, há duas possibilidades: a criança não será tratada ou irá receber quantidades erradas, causando efeitos adversos", alertou a professora Regina Célia de Menezes Succi.

A professora destacou que a compreensão do tratamento foi ruim entre todos os níveis de escolaridade, mas foi mais acentuada entre os níveis mais baixos. "Isso nos leva a concluir que o entendimento também está relacionado ao nível de escolaridade", afirmou Succi.

Os resultados do estudo serão repassados aos médicos do pronto-socorro, de acordo com Succi. "Com isso, esperamos que os médicos passem a ter consciência do problema e tentem minimizá-lo", disse.

"É preciso gastar mais tempo com os pacientes, dar maiores explicações do tratamento e fazer a letra o mais legível possível", acrescentou Succi.

Sinopse preparada por Reuters Health

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