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A Primeira Vez / Como Saber Se Chegou a Hora?

Alessandra Castello

27 de Abril de 2000 (Bibliomed). As revistas, os jornais, a televisão, o cinema... Parece que só se fala em sexo hoje em dia, não? A turma toda da escola (ou da faculdade) também gosta de compartilhar suas experiências e você, porque é virgem, se sente um alienígena. Ou, com extrema boa vontade, o ser humano mais careta do planeta. Pois fique sabendo que não há nada demais em querer esperar o momento ideal. Pelo contrário.

Isso não quer dizer que você só deva iniciar uma vida sexual depois do 30 anos, mas é preciso amadurecer a idéia.

O sexólogo Marcos Ribeiro, consultor do Ministério da Saúde, do Canal Futura e autor de livros como Sexo sem Mistério, da Editora Saraiva, conta que muitas adolescentes perguntam: E se ele quiser transar, o que eu faço? Para o especialista, transar pela primeira vez é uma decisão de vida que só deve ser tomada com muita segurança para não se arrepender mais tarde: Ninguém pode tomar a decisão por você. Pergunte a si mesmo se esse é o melhor momento, se é uma escolha pessoal ou se só está sendo tomada para agradar os amigos ou o namorado. Se houver muita interrogação na sua cabeça, ainda não é a hora, aconselha.

O ginecologista e terapeuta sexual Dr. Nelson Vitiello concorda com o colega: Mais importante que a idade cronológica é a maturação emocional e, fundamentalmente, a motivação para o sexo. O ideal é que a iniciação sexual seja motivada por um afeto crescente, num relacionamento erótico-afetivo que vai se intensificando. Infelizmente, esse não é o motivo mais comum. O médico não acredita em idade ideal: Nossas avós se casavam aos 14, 15 anos, tinham filhos aos 15, 16, e ninguém achava que era cedo demais. Na verdade, a objeção que se tem à sexualidade na adolescência é porque os jovens fazem sexo não consentido, ou seja, sem estarem casados, acrescenta Vitiello, que também é presidente da SBRASH, Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, em São Paulo.

Marcos Ribeiro acredita que os adolescentes estão iniciando a vida sexual cada vez mais cedo, antes mesmo dos 12 anos de idade. E que o acontecimento ocorre, em geral, dentro de casa, aproveitando a ausência dos pais. Vitiello arrisca, ainda, um palpite: Na maioria das vezes acontece na casa do namorado. Os pais dele, ao contrário dos pais da moça, não estão muito preocupados com isso. Em cidades grandes como São Paulo, por exemplo, os motéis exigem carteira de identidade na entrada, o que dificulta bastante a opção por essa alternativa: Mas no Rio de Janeiro, os motéis não exigem documento e isso é mais comum.

Tempestade de inverno

Quem já passou pelo ritual da primeira vez sabe quanta insegurança a expectativa pode causar. Muitas vezes, aquele friozinho na barriga se transforma em uma tempestade numcopo d'água! Em geral, para ambos os sexos, a primeira relação sexual é cercada de angústia e de temor de desempenho. Mas nada que uma conversa com alguém mais experiente não resolva - os pais, o ginecologista da amiga ou até mesmo o professor de educação sexual da escola pode ajudar mais do que se imagina! Sendo assim, perca a vergonha e o medo de satisfazer todas as suas curiosidades. O Dr. Neslon Vitiello mostra como pode ser simples:

* Quanto tempo dura uma relação sexual?
Não há um prazo fixo. Se contabilizarmos só a penetração, uma relação sexual dura, em média, três minutos.

* A camisinha atrapalha?
Claro que a sensibilidade é diferente com ou sem camisinha. Mas tendo em vista a importância de evitar uma gravidez indesejável ou uma doença sexualmente transmissível, a camisinha é uma necessidade.

* Se praticarmos sexo oral, perco a virgindade?
Não. A língua não tem rigidez nem dimensões suficientes para romper o hímem.

* É preciso sangrar para perder a virgindade?
Não. O sangramento não é obrigatório e, comumente, é muito discreto.

* O corpo muda depois da primeira vez?
Não há qualquer modificação física ou funcional perceptível, exceto a rotura do hímen, que é visível ao exame ginecológico.
* O que acontece com o esperma depois da relação?
Se não for usada a camisinha, ele vai sendo eliminado do organismo da menina nos minutos ou não horas subseqüentes.

Viu como é fácil e esclarecedor? O que pode parecer bobo ou absurdo, o médico provavelmente já respondeu um milhão de vezes para outros jovens como você. O Dr. Vitiello costuma aconselhar os meninos a estarem atentos ao ritmo diferente das meninas. Elas demoram um pouco mais para se excitarem, o que é fundamental para a fisiologia do ato sexual.

Do contrário, a vagina não estará lubrificada adequadamente e o coito pode ser até mesmo doloroso: Por isso, é recomendável que o rapaz tente descobrir o que mais excita a moça e espere que ela esteja bastante excitada antes de tentar a primeira penetração. Ter relação com uma mulher não excitada não é coito, é estupro.

Já as meninas devem ter bem clara a noção de que o sexo não tem nada de sujo, errado ou pecaminoso e, sim, que é uma coisa maravilhosa, um dom extremamente eficiente que as pessoas têm para a busca da felicidade, romantiza Vitiello. No entanto, é bom lembrar mais uma vez: é preciso estar preparada. Usar camisinha também é fundamental no primeiro dia e em todos os outros que o seguirem. Não há segredo: a colocação deve ser feita assim que for alcançada a ereção, antes de qualquer penetração. A pontinha comprimida durante a colocação evita a formação de bolhas de ar. Logo após a ejaculação, é preciso retirar o pênis da vagina, seguro pela base junto com a camisinha.

E se não for perfeito?

A maioria dos jovens sente a obrigação de que a primeira vez seja perfeita. Mas se o momento não aconteceu como o planejado, saiba que seus sonhos e fantasias não foram por água abaixo. É normal que a primeira vez e as seguintes sejam cercadas de apreensão e angústia. Será que meus pais vão descobrir? - é uma das inúmeras questões que passam pela cabeça na hora "h". Daí a importância do carinho entre o casal. Quanto maior a intimidade e a troca, menor a ansiedade, aconselha Marcos Ribeiro.

Não se apresse em tirar suas conclusões. E, no dia em que for acontecer, prometa que não irá agir mediante o pensamento mágico: Só dessa vezinha, tenho certeza de que nada vai acontecer... Acredite: acontece.

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