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Vaticano formaliza aprovação de transplante com órgãos de animais

Belo Horizonte, 17 de Outubro de 2001 (Bibliomed). No fim do mês passado, o Vaticano aceitou formalmente o transplante de órgãos, tecidos e células de animais para o homem. Para tratar do assunto, um documento oficial foi divulgado, expressando as razões éticas da decisão.

Ao lado de vários especialistas, como Emanuel Cozzi, do Departamento de Cirurgia da Universidade inglesa de Cambridge, e de Maria Luisa Lavitrano, coordenadora dos projetos de transplantes de animais na Itália, o vice-presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Elio Sgreccia, resumiu a posição da Igreja Católica em relação ao assunto, em uma entrevista coletiva. Sgreccia falou ainda sobre a postura católica no que diz respeito aos temas polêmicos da bioética.

No documento, intitulado “A Prospectiva dos Xenotransplantes, Aspectos Científicos e Considerações Éticas”, os cientistas ligados ao Vaticano fazem um alerta.

Para eles, as implicações dos novos procedimentos da ciência ainda não são totalmente conhecidas. Em diversos casos, os estudos estão apenas em uma fase preliminar.

A justificativa ética para aprovar o uso dos animais em benefício humano foi a de que Deus criou os animais e outras criaturas, colocando-os a serviço do homem e seu desenvolvimento total.

O Vaticano questiona a implicação ética dos transplantes que utilizam órgãos e tecidos de animais para cirurgias em crianças, que não podem autorizar o procedimento e nem têm a exata noção do que a operação significa. Mesmo assim, os religiosos afirmam que cirurgias deste tipo só podem ser aceitas se forem fundamentais para salvar uma vida.

Monsenhor Sgreccia explicou, durante a entrevista coletiva, que o documento elaborado pelo Vaticano atende a um pedido do Conselho da Europa, que pediu a opinião de todas as religiões sobre o assunto.

O tema, segundo ele, precisa ser abordado com a máxima cautela. Recentemente, o papa João Paulo II chegou a se pronunciar sobre a pesquisa com células-tronco, outro tema polêmico. O líder católico condenou o aborto e todo o tipo de estudo científico que signifique a morte de um ser humano.