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Drogas Contra Câncer Podem Comprometer Fertilidade

06 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Meninos tratados com certas drogas contra o câncer são suscetíveis a problemas de fertilidade quando adultos. As conclusões de uma nova pesquisa mostram a importância de um acompanhamento efetivo da saúde dos que sobrevivem ao câncer infantil por um longo período.

Em um estudo com 17 homens que haviam sido tratados para câncer infantil de ossos, cartilagem ou de determinados músculos, apenas dois apresentaram contagem normal de espermatozóides, segundo pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute e da Escola de Medicina de Harvard, em Boston, Massachusetts.

Todos haviam sido tratados com uma droga chamada ciclofosfamida. Os dois que apresentavam produção normal de espermatozóide receberam as dosagens mais baixas.

Entretanto, isto não significa que os meninos submetidos a quimioterapia devem receber doses menores da droga para proteger a fertilidade, disse uma das autoras do estudo à Reuters Health.

"Não se quer sacrificar a cura do câncer para preservar a fertilidade", disse Lisa Diller.

O trabalho da equipe foi publicado na edição de 1 de fevereiro da revista Cancer.

A ciclofosfamida pertence a uma classe de drogas chamada agentes alquilantes, usadas para tratar vários tipos de câncer. Elas já foram apontadas como causa de problemas de fertilidade em homens adultos, mas seus efeitos a longo prazo em crianças não estavam claros.

Segundo Diller, os médicos até agora acreditavam que o tratamento antes da puberdade poderia não interferir em sua fertilidade quando adultos.

A pesquisa não apóia essa hipótese: todos os homens tratados antes da puberdade apresentaram anormalidades nos espermatozóides. No geral, 10 dos 17 homens não tinham espermatozóides, enquanto outros cinco apresentavam contagem baixa.

Agentes alquilantes atuam nas células que se dividem rapidamente, caso de todas as células cancerosas. Entretanto, as células que produzem espermatozóides também se dividem rapidamente e as drogas não distinguem estas células saudáveis das malignas, explicou Diller.

Entender os efeitos dos agentes alquilantes na fertilidade futura é vital, segundo os pesquisadores. Para alguns, os meninos que passaram pela puberdade poderiam ter seus espermatozóides armazenados para o uso em reprodução assistida mais tarde, disse a pesquisadora.

"Isto também nos dá mais informações sobre o que devemos dizer aos pais dos pacientes sobre as expectativas do tratamento", acrescentou Diller.

A pesquisadora observou que pesquisas atuais sobre terapias ajustadas às células cancerosas que não afetam células saudáveis podem reduzir o dano à fertilidade dos meninos.

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