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Cérebro Reage de Forma Diferente a Rostos de Outras Raças

Por Penny Stern, MD

NOVA YORK (Reuters Health) - Uma parte específica do cérebro parece reagir de forma diferente a faces de outra raça e rostos da mesma raça, conforme uma equipe de pesquisadores de um multicentro.

Contudo, a equipe alerta sobre o fato que o efeito só é notado depois de apresentações repetidas das imagens faciais. Os pesquisadores também informaram que o estudo foi pequeno e mesmo levantando muitas questões, não devem ser tiradas conclusões a partir do trabalho.

Allen J. Hart, do Amherst College em Massachusetts, e seus colegas das Universidades de Harvard, Tufts e de Wisconsin, em Madison, além da Universidade Uppsala (Suécia) usaram estudos de imagem magnética para determinar diferenças na forma como a amígdala do cérebro responde enquanto a pessoa vê fotos de rostos de pessoas negras e brancas.

A amígdala é um dos pares de estrutura de massa cinzenta localizada nos lobos temporais do cérebro. Conforme os pesquisadores, já foi demonstrado o envolvimento da amígdala nas funções de "comunicação social" incluindo reconhecimento da expressão facial.

O atual estudo, publicado na edição de agosto do NeuroReport, envolveu oito homens e mulheres entre 20 e 35 anos de idade. Metade dos participantes se auto-identificou como negra e metade, como branca. Enquanto olhavam fotos de rostos com expressões neutras, os participantes eram solicitados a indicar se as faces eram masculinas ou femininas.

Os pesquisadores classificaram as fotos como sendo do "grupo de fora" quando mostravam pessoas de uma raça diferente da pessoa que estava observando, enquanto o "grupo de dentro" foi usado para designar fotos de pessoas da mesma raça dos observadores.

"As pessoas viram cada rosto três vezes, observando 30 do grupo de fora e 30 do seu grupo de cada vez", explicaram os autores do estudo. Depois de um pequeno intervalo (2 minutos) as imagens foram vistas novamente.

Nas análises dos dados coletados, os pesquisadores descobriram a atividade captada na amígdala quando eram mostradas ao observador fotos das duas raças na primeira vez. Mas quando as exposições eram repetidas, a atividade na amígdala permaneceu alta quando foram mostradas fotos do grupo de fora (com indivíduos de outra raça), mas diminuiu quando foram mostradas fotos do grupo de dentro, com indivíduos da mesma raça dos observadores.

"Os resultados presentes sugerem que as respostas da amígdala ao estímulo da face humana são afetadas pela relação entre a raça percebida pelo estímulo do rosto e aquela do observador", escreveram Hart e seus colegas.

Os autores notam que outras áreas do cérebro também parecem estar envolvidas. O hipocampo e a região límbica, em conjunto com a amígdala, "poderiam representar elementos de um sistema do cérebro que funciona para aumentar a codificação da relevância biológica das características sociais ou faciais como uma função do valor da informação ou experiência", acrescentaram os pesquisadores.

"Essas descobertas podem sugerir que as pessoas se tornam familiares a elementos das faces do seu grupo mais rapidamente que das faces do grupo de fora", declarou o autor sênior do estudo, Scott Rauch.

Rauch é o diretor de pesquisa em psiquiatria e neuroimagem do Hospital Geral de Massachusetts.

Pela grande implicação social das descobertas, os pesquisadores alertam contra "conclusões prematuras". Estudos adicionais são necessários para aperfeiçoar as observações e seus significados.

"Uma das coisas mais importantes sobre este estudo é o fato de mostrar o potencial de aplicar poderosas técnicas de imagem para questões da psicologia social", Rauch observou.

"Desde que os cientistas sejam muito cuidadosos na forma de interpretar os resultados de estudos como este, representa um novo instrumental importante para ajudar no avanço desse campo", declarou Hart.

Sinopse preparada por Reuters Health

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