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12 de Julho de 2002 (Bibliomed). O medo de um eventual ataque bioterrorista pode levar os Estados Unidos a imunizar toda a sua população contra a varíola, apesar do risco da vacina apresentar efeitos colaterais graves, como aborto e morte. A varíola ocupa o topo da lista de potenciais agentes biológicos - assim como o antraz, que matou cinco pessoas e contaminou outras treze - por ser de fácil disseminação, fatal e de difícil diagnóstico. Por isso, o governo norte-americano ordenou, em outubro de 2001, a produção de mais de 200 milhões de doses da vacina contra a varíola e espera ter um estoque suficiente para proteger todos os cidadãos de um possível ataque biológico, ainda em 2003.
A atual política é de vacinar as pessoas que provavelmente tiveram contato com alguém infectado, mas pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade do Texas, em Galveston, defendem inclusive a vacinação de gestantes em caso de ataque bioterrorista. “No caso de uma mulher sob risco de varíola, as chances da mãe e do feto apresentarem a doença na forma hemorrágica pesam muito mais do que qualquer risco potencial associado à vacinação”, defendeu Victor R. Suarez, principal autor de uma pesquisa sobre o assunto, publicada na edição de julho da revista Obstetrics & Gynecology.
Por sua vez, o Comitê de Aconselhamento sobre Práticas de Imunização defende que apenas as equipes de salas de emergência sejam vacinadas para que possam ajudar em caso de ataque. Já Paul Pepe, presidente do Departamento de Medicina de Emergência da Universidade do Texas, defende a imunização também de bombeiros e paramédicos. Ed Kaplan, que faz modelos matemáticos de epidemias na Universidade de Yale, é categórico ao afirmar que a vacinação em massa seria a melhor solução, uma vez que mais pessoas morreriam de varíola em um ataque do que em conseqüências de efeitos colaterais da vacina. A decisão final será anunciada ainda este ano pelo secretário de Serviços Humanitários e de Saúde (HHS), Tommy Thompson.
A varíola é altamente contagiosa e mata cerca de 30% dos pacientes infectados. Em sua forma hemorrágica, 99% dos infectados que não foram vacinados morrem. Não existe nenhum tratamento específico contra a doença, que foi declarada erradicada no mundo em 1980.
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