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Belo Horizonte, 28 de Janeiro de 2002 (Bibliomed). O suplemento alimentar Ginko biloba, largamente utilizado no mundo todo como auxiliar na circulação e melhora da memória, pode colocar os usuários em risco de convulsões do tipo epiléptico. A suspeita provém de dois relatos de casos ocorridos na Austrália com idosos que estavam utilizando o medicamento para melhora da memória.
Um dos pacientes que sofreu convulsões era um homem de 78 anos de idade que não tinha tido convulsões 18 meses antes do episódio, e apresentou três episódios de convulsão duas semanas após iniciar o uso do suplemento para auxiliar a memória. O outro paciente era uma mulher de 84 anos de idade com demência grave, que não tinha apresentado convulsões 2 anos antes do episódio. O psiquiatra desta paciente prescreveu o produto 12 dias antes que a mesma fosse admitida em um hospital em um episódio de convulsão, e ocorreram mais três episódios durante os dois primeiros dias de internação.
Nenhum destes dois pacientes apresentava qualquer outra doença que poderia ter precipitado as convulsões, e após deixarem de tomar o produto, não apresentaram mais episódios.
Não se sabe ao certo se as convulsões ocorreram devido ao próprio uso do produto, a alguma reação do mesmo com os medicamentos que os pacientes estavam ingerindo ou a uma coincidência. O importante, agora, é que se façam estudos a respeito, e que as pessoas se conscientizem que estes produtos naturais não são isentos de efeitos colaterais, devendo ser tratados como remédios e discutidos com seu médico antes do início do uso.
Outros suplementos alimentares de origem natural que podem causar efeitos colaterais, principalmente em associação com medicamentos sintéticos, são: ginseng, utilizado para melhorar a concentração, e que quando utilizado juntamente com anticoagulantes pode provocar sangramentos e convulsões; o hipérico, indicado para depressão, quando utilizado em combinação com anticoncepcionais orais, drogas para tratamento e controle da Aids e outros antidepressivos, pode provocar sangramentos; a equinácea pode provocar asma e hepatite; o kava kava, que reduz a ansiedade, pode danificar o fígado se utilizado por períodos prolongados; o saw palmetto, indicado para reduzir a hiperplasia (aumento) da próstata, pode causar dor de cabeça, náuseas e vômitos.
Assim, os suplementos, apesar de serem de origem natural, são substâncias químicas, e por isto provavelmente possuem efeitos colaterais como os remédios industrializados. Todo medicamento, seja de origem natural ou farmacêutica, deve ser utilizado com critério.
Muitos dos suplementos largamente utilizados não possuem comprovação científica de eficácia, e muito menos estudos sobre possíveis efeitos colaterais que acarretem.
Além disto, os suplementos que já tiveram algum efeito colateral comprovado, raramente apresentam indicação destes em suas bulas e embalagens, o que aumenta o risco destes efeitos nas pessoas que utilizam estes medicamentos.
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