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Osteoporose

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste artigo:

- Introdução
- Causas
- Manifestações Clínicas
- Principais diagnósticos diferenciais
- Exames complementares
- Tratamento
- Farmacoterapia
- Conclusão
- Referências

A Osteoporose é um distúrbio esquelético caracterizado por diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura óssea, resultando em ossos frágeis e alto risco de fratura, mesmo em traumas pequenos. A osteoporose é uma patologia crônica de etiologia multifatorial e, em geral, silenciosa até a primeira fratura, representando um grave problema de saúde publica em todo o mundo.

Introdução

A Osteoporose resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, ambos afetando a capacidade de produção e absorção óssea. Estes fatores incluem medicações, dieta, raça, sexo, hábitos de vida e atividade física.

A osteoporose pode ser dividida em primária e secundária. A forma primária, por sua vez, pode ser subdividida em tipo 1 e tipo 2. Alguns especialistas chamam a osteoporose secundária de tipo 3.

A Osteoporose tipo 1, ou pós-menopausa, resulta da deficiência gonadal. Os baixos níveis circulantes de estrogênio e/ou testosterona resultam em perda óssea acelerada. Após a menopausa, por exemplo, as mulheres sofrem uma perda de 1-5% da massa óssea por ano, nos primeiros 5-7 anos, reduzindo significativamente o volume de osso trabecular resistente.

A Osteoporose tipo 2, ou senil, pode ser observada em homens e mulheres, e está relacionada à redução na formação de osso novo e na produção renal de 1,25(OH)2 D3. A conseqüência é a perda de osso cortical e trabecular, e aumento do risco de fraturas nos quadris, nos ossos longos e nas vértebras.

A Osteoporose tipo 3 é secundária ao uso de certos medicamentos, especialmente glicocorticóides, ou outros distúrbios que intensificam a perda óssea por mecanismos diversos.

De um modo geral, a osteoporose afeta um de cada três mulheres e um de cada oito homens acima dos 50 anos de idade, em todo o mundo. Dos pacientes portadores do distúrbio que sofrem fraturas, apenas 1/3 recupera plenamente seu nível de atividade.

Causas

• Deficiência de Estrogênio
• Hipogonadismo com baixos níveis de testosterona
• Uso de certos medicamentos (p.ex.: heparina, anticonvulsivantes, corticosteróides, quimioterápicos, antiácidos contendo alumínio, etc).
• Beta-talassemia (devido à hiperplasia da medula óssea e afinamento da camada trabecular adjacente)
• Etilismo e Tabagismo (efeito tóxico direto sobre o osso)
• Distúrbios gastrintestinais (p.ex.: doença inflamatória intestinal, anorexia nervosa, etc).
• Síndrome de Cushing (devido à produção excessiva de corticosteróides endógenos)
• Tirotoxicose crônica (devido ao aumento na reabsorção e excreção de cálcio)
• Imobilização prolongada (p.ex.: pacientes vÍtimas de AVC).
• Câncer (especialmente mieloma múltiplo)
• Deficiência de cálcio
• Idiopática

Manifestações Clínicas

Na maioria dos casos, a Osteoporose é assintomática até que uma fratura ocorra. As fraturas são mais freqüentes nas vértebras, no fêmur proximal e no rádio distal.

Ao colher a história do paciente, é importante fazer uma ampla revisão dos fatores de risco para o distúrbio, tais como idade, sexo, raça, antecedentes familiais de fraturas osteoporóticas, fatores reprodutivos (idade da menopausa, uso de terapia de reposição hormonal), hábitos de vida (tabagismo, etilismo, sedentarismo, dieta pobre em cálcio e vitamina D, etc), e uso crônico de certos medicamentos (atenção para os corticóides).

Pacientes com fraturas vertebrais podem se queixar de dorsalgia aguda após se abaixarem, levantarem ou tossirem, ou cifose progressiva assintomática associada à diminuição significativa na altura. A maioria dos casos de fraturas vertebrais ocorre na coluna torácica médio-inferior ou na coluna lombar superior. A intensidade da dor é variável, podendo irradiar para o abdome, e desaparece após 4-6 semanas.

As fraturas no antebraço, no quadril e no fêmur proximal costumam ocorrer após quedas. As fraturas costais costumam estar associadas à osteoporose secundária à corticoterapia ou síndrome de Cushing, mas também podem ser observadas em outras etiologias.

Principais diagnósticos diferenciais

• Hiperparatireoidismo
• Mieloma Múltiplo
• Osteomalácia
• Osteodistrofia renal
• Metástases
• Leucemia
• Linfoma
• Osteogênese imperfeita (em crianças)

Exames complementares

Os níveis séricos de cálcio, fosfato e fosfatase alcalina costumam estar normais nos pacientes com osteoporose primária. É prudente testar a possibilidade de osteoporose secundária à disfunção tireoideana. Em homens, baixos níveis de testosterona podem contribuir para a perda óssea. Portanto, é recomendável dosar os níveis de testosterona.

Pacientes assintomáticos porém com forte suspeita devem ser submetidos a radiografia lateral da coluna vertebral em busca de fraturas subclínicas, osteoartrite, discopatias e espondilolistese. A osteopenia (diminuição na densidade óssea) pode estar evidente nos pacientes com perda mineral óssea acima de 30%.

A Densitometria Óssea é considerado o exame de escolha para avaliar a possibilidade de fratura em uma determinada área afetada. A Densitometria deve ser realizada em todas as mulheres acima dos 65 anos de idade, mulheres com menos de 65 anos porém com pelo menos um fator de risco, homens e mulheres (especialmente na pós-menopausa) com fraturas suspeitas, mulheres que realizaram terapia de reposição hormonal por longos períodos, e pessoas com evidências radiográficas de osteopenia.

Os resultados da Densitometria Óssea são expressos em um desvio padrão (Standard Deviation ou SD) a partir de valores para adultos jovens. Assim, uma pontuação de -1 a -2,5 SD significa osteopenia; e abaixo de -2,5 significa osteoporose.

Tratamento

As medidas preventivas deveriam ser iniciadas ainda na infância e adolescência, através de um aporte adequado de cálcio e exercícios. Nos indivíduos que necessitam utilizar corticóides por longos períodos, algumas medidas profiláticas podem ser adotadas, tais como: utilizar o medicamento na menor dose possível, preferir as formas inaláveis às apresentações orais, utilizar a droga em dias alternados, e realizar exercícios de fortalecimento muscular.

A dieta é um aspecto importante da abordagem profilático-terapêutica da Osteoporose. Nos caso de mulheres na menopausa, homens com mais de 50 anos de idade e qualquer pessoa com fatores de risco para osteoporose, recomenda-se uma ingestão de 1.500 mg de cálcio e 400-800 UI de vitamina D diariamente. Para atingir os níveis recomendados, suplementos são bem vindos.

A prática regular de atividades físicas possui um efeito positivo sobre a densidade óssea, além de melhorar a agilidade e o equilíbrio, reduzindo ainda mais o risco de quedas.

Existem várias classes de fármacos que podem ser utilizados no tratamento da osteoporose. Apesar da maioria dos estudos envolvendo estas drogas haver sido realizada em mulheres, a posologia também é recomendada para os homens – com exceção da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) com estrogênios e moduladores seletivos dos receptores estrogênicos.

Vários estudos demonstraram um efeito benéfico da reposição com testosterona sobre a massa óssea em homens com osteoporose associada a hipogonadismo.

Conclusão

A Osteoporose é um problema extremamente comum. A prevenção é o melhor caminho e deve ser iniciada o quanto antes em todos os pacientes com fatores de risco reconhecidos, através da administração de cálcio, vitamina D, bifosfonados e/ou calcitonina. Se não for tratada a adequadamente, a Osteoporose pode resultar em fraturas potencialmente graves: apenas 1/3 dos pacientes afetados pela doença que sofrem uma fratura conseguem recuperar completamente seu nível de atividade.

Referências

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