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Espondiloartropatias soronegativas – informações gerais

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Introdução
- O que causa as espondilartropatias soronegativas?
- Quais indivíduos costumam desenvolver as espondiloartropatias soronegativas?
- Quais os sintomas das espondiloartropatias soronegativas?
- Como é feito o diagnóstico das espondiloartropatias?
- Como é feito o tratamento das espondiloartropatias soronegativas?
-
Como conviver com as espondiloartropatias soronegativas?

Introdução

As espondiloartropatias representam um grupo de doenças inter-relacionadas que guardam certos aspectos em comum, como características epidemiológicas, patogenéticas, clínicas e patológicas. As entidades que compõem este grupo de doenças incluem a espondilite anquilosante, a síndrome de Reiter, a doença de Behcet, a artrite de Marie-Strumpell, a espondilite reumatóide, a artrite psoriásica, as enteroartropatias e as artrites reativas pós-infecciosas.

Elas são caracterizadas pelo envolvimento das articulações sacroilíacas, pelo desenvolvimento de artropatias inflamatórias periféricas e pesquisa de fator reumatóide negativo. São incluídos outros achados, como: tendência de acometer membros da mesma família, acometimento ocular, da pele e de seus anexos (pêlos, unhas) e das mucosas, podendo também ocorrer o envolvimento das valvas cardíacas e dos pulmões (embora essas duas últimas manifestações sejam bastante raras).

A inter-relação deste grupo de condições que formam as espondiloartropatias tem origem numa variedade de sinais e sintomas relativos a vários sistemas do nosso organismo. Mesmo nas artropatias reativas, nas quais o agente infeccioso desencadeante é reconhecido, a patogênese destas condições é pouco conhecida, assumindo-se que vários genes interagem para definir a expressão fenotípica específica.

As artropatias reativas podem ser definidas como um quadro de artrite inflamatória estéril, em um espaço de tempo e local distinto do processo infeccioso desencadeante primário. Essas artropatias podem ser consideradas doenças tipicamente relacionadas a um determinado gene, (alelo HLA-B27), entretanto, isso não se aplica à febre reumática, que deve ser encarada como um fenômeno reativo devido à reação cruzada entre os antígenos da bactéria estreptococo e proteínas formadoras do tecido cardíaco.

As diversas espondiloartropatias são classificadas dependendo das diferentes manifestações articulares, peri-articulares e ou as diversas manifestações clínicas, como, conjuntivite, uretrite, envolvimento cutâneo e evolução clínica. Além disso, dados clínicos, epidemiológicos, imunogenéticos e radiológicos, nos ajudam a separar as espondilartropatias da doença reumatóide soronegativa do adulto.

O que causa as espondilartropatias soronegativas?

Não se sabe ao certo quais as verdadeiras causas dessas doenças. No entanto, parece que fatores genéticos e ambientais têm papel importante nesse processo. Aproximadamente 90% dos pacientes portadores de espondilite anquilosante e 85% dos pacientes com síndrome de Reiter apresentam o gene chamado de HLA-B27. Esse gene tem função nos processos de defesa do organismo contra infecções. Porém, esse mesmo gene pode fazer com que o indivíduo reaja a algumas infecções, especialmente urinárias ou intestinais, enquanto está desenvolvendo a doença.

As espondiloartropatias soronegativas afetam principalmente homens de pele branca, com idade entre 20 e 40 anos. Apresentam também tendência a acometimento de membros da mesma família.

Quais indivíduos costumam desenvolver as espondiloartropatias soronegativas?

As espondiloartropatias tendem a acometer indivíduos durante a adolescência e a idade adulta jovem, sendo que os homens jovens apresentam um risco duas a três vezes maior do que as mulheres adultas jovens. Essa observação não vale apenas para a artrite psoriática, que acomete igualmente homens e mulheres. Membros da família de pacientes portadores de espondiloartropatia soronegativa apresentam risco aumentado de desenvolver essas doenças, principalmente aquelas associadas ao gene HLA-B27.

Quais os sintomas das espondiloartropatias soronegativas?

  • Dor nas costas e/ou nas articulações;
  • Rigidez matinal (dificuldade de movimentar as articulações logo ao acordar);
  • Sensibilidade aumentada nas regiões próximas às proeminências ósseas;
  • Feridas na pele;
  • Inflamação das articulações, em ambos os lados do corpo;
  • Úlceras na pele ou orais;
  • Lesões nas plantas dos pés;
  • Inflamação ocular.

Como é feito o diagnóstico das espondiloartropatias?

As espondilartropatias soronegativas são diagnosticadas com base em uma história clínica detalhada, exame físico completo e realização de exames laboratoriais. Além disso, a presença de sintomas de inflamação articular ou tecidual, rigidez matinal e outros sintomas específicos de uma doença própria, é essencial. Cada espondiloatropatia exige a realização de determinados exames, para confirmar ou excluir a doença.

Como é feito o tratamento das espondiloartropatias soronegativas?

Como não existem exames específicos para o estabelecimento do diagnóstico dessas doenças, elas frequentemente são diagnosticadas erroneamente como artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, dor lombar crônica, dor cervical crônica, tendinite ou bursite, dor associada à presença de esporão de calcâneo, osteoporose, fibromialgia, escoliose, doença de Lyme, entre outras.

Quando o diagnóstico é feito corretamente, os medicamentos do grupo dos antiinflamatórios não-esteroidais são empregados para tratamento da dor e do inchaço. Atualmente, está sendo testado o uso da sulfasalazina (medicamento usado no tratamento das doenças inflamatórias intestinais) está sendo estudado para uso em pacientes portadores de espondiloartropatias.

Em alguns pacientes, pode ser necessário o tratamento com corticosteróides, como a cortisona, com o objetivo de reduzir o inchaço e a dor. Além disso, a fisioterapia pode ajudar bastante. Nos casos mais graves, a cirurgia pode ser realizada, permitindo a troca das articulações acometidas.

Assim como as outras doenças crônicas, as espondiloartropatias, na maioria das vezes causam um sentimento de desamparo e inutilidade mais assustador do que a própria doença em si. Assim, o paciente sempre deve ser informado de forma realista sobre as perspectivas de sua doença, sendo essas bastante otimistas, desde que haja uma abordagem global de atendimento. O paciente deve estar totalmente ciente de que sua participação – especialmente no estar bem consigo mesmo, apesar da doença – será um ponto de partida fundamental para o sucesso do tratamento.

O acompanhamento dos pacientes e o tratamento devem ser realizados de forma individual, caso a caso, já que a evolução da doença pode passar por flutuações durante seu curso. O médico deve considerar o impacto da doença para o indivíduo dentro de sua comunidade, com as devidas implicações no seu ambiente familiar e de trabalho, além dos aspectos sociais e financeiros.

Apesar de inexistir, até o momento, um tratamento específico que garanta a cura, deve-se enfatizar que os recursos terapêuticos disponíveis possibilitam, de um modo geral, um controle adequado da doença. Um ponto fundamental para tais conquistas está centrado numa boa relação médico-paciente; quando necessário, o médico assistente deve indicar auxílio psicoterápico ou uso de drogas antidepressivas.

Como conviver com as espondiloartropatias soronegativas?

Apesar dos sintomas de dor, fadiga e rigidez, característicos desse grupo de doenças, muitos pacientes portadores de espondiloartropatias podem levar uma vida longa e produtiva, principalmente com o emprego dos tratamentos disponíveis atualmente. A prática regular de atividade física é essencial para reduzir a fusão e deformidade das vértebras, bem como para manter a saúde cardiovascular e articular.

Copyright © 2008 Bibliomed, Inc.                                        28 de fevereiro de 2008