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Por Penny Stern, MD
NEW YORK – Se uma equipe de pesquisadores malteses está correta, o lugar onde você vive pode ser um fator importante para determinar o sexo de seus filhos. De acordo com os resultados de um novo estudo, países mais quentes no sul da Europa registram maior número de nascimentos de meninos do que os países localizados em latitudes maiores– e mais frias.
O Dr. Victor Grech, do Hospital St. Luke em Guadarmangia, Malta, e colaboradores, deste e da Escola de Medicina da Universidade de Malta, observaram os nascimentos em Malta entre 1890 e 1995 e no oeste da Europa entre 1990 e 1995.
Tipicamente, nasceram mais garotos do que garotas – vários estudos sugeriram que cerca de 106 meninos nasciam para cada 100 meninas, de acordo com o artigo publicado na edição de março do Journal of Epidemiology and Community Health. Contudo, os pesquisadores encontraram que estes excessos de nascimentos masculinos variavam com a localização geográfica.
"Na Europa ao longo de um período de 5 anos, nós mostramos que o excesso de nascimentos masculinos se correlaciona com a latitude – quanto mais alta a latitude, menor o excesso," disse Grech à Reuters Health. "A razão masculino-feminino foi consideravelmente maior do que o valor esperado," relatam ele e seus colaboradores. Pesquisas anteriores sugeriram que o nascimento geral de meninos estava diminuindo em relação ao nascimento de meninas nos últimos 30 a 50 anos – um resultado que pode não ser totalmente verdadeiro para países mais ao sul.
"Vários estudos nos EUA e Europa têm mostrado que o excesso de nascimentos de meninos tem diminuído ao longo dos últimos 50 anos," disse Grech. "Nosso (excesso em Malta) também tem, em menor extensão, mas o nosso excesso é maior do que o esperado." O achado curioso levou a equipe a verificar outros países, usando "a latitude como definição de temperatura/clima," ele acrescenta.
Várias teorias tem sido propostas para responder a este aparente declínio, incluindo o fato de que "os fetos masculinos são mais susceptíveis a danos ambientais, e... geralmente são mais frágeis," explicam Grech e colaboradores.
Grech aponta que as temperaturas mais quentes têm "demonstrado influência na fertilidade, com a redução na fertilidade associada com temperaturas frias extremas." Ele especula que a temperatura pode exercer alguns outros efeitos desconhecidos no processo de formação do esperma, mas adverte que "isto pode não ser devido só à temperatura, mas fatores relacionados ao clima, como o tipo de alimentação."
Embora o estudo tenha sido projetado para determinar se existiu um declínio quantificável no nascimento de meninos de 1890 a 1995 e quanto mudou a relação de nascimentos masculinos/femininos em Malta, os pesquisadores expandiram a sua análise para incluir outros países da Europa Ocidental pelo período de 1990-1995.
A equipe concorda que, até agora, não existe explicação clara para estes resultados. Mas a despeito da causa, eles apontam que este declínio no nascimento de meninos relacionado à latitude "não foi relatado anteriormente, até onde nós sabemos."
FONTE: Journal of Epidemiology and Community Health, 2000;54:244-246.
Publicado em Bibliomed Saúde em 27/03/2000
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