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Respirar pode levar microplásticos para o cérebro

02 de maio de 2025 (Bibliomed). Cientistas detectaram microplásticos microscópicos alojados no cérebro humano. Pesquisadores na Alemanha e no Brasil dizem que 8 em cada 15 adultos autopsiados tiveram microplásticos detectados nos centros olfativos do cérebro, o bulbo olfativo. As partículas provavelmente foram inaladas ao longo da vida, já que pequenos microplásticos flutuantes são onipresentes no ar.

Embora microplásticos já tenham sido encontrados em pulmões, intestinos, fígado, sangue, testículos e até mesmo sêmen humanos, há muito tempo se pensava que a barreira hematoencefálica protetora do corpo poderia manter as partículas fora do cérebro. No entanto, o novo estudo, realizado na Universidade Livre de Berlim e na Universidade de São Paulo, sugere que há "um caminho potencial para a translocação de microplásticos para o cérebro" através do bulbo.

Os pesquisadores analisaram tecidos cerebrais de 15 autópsias de rotina conduzidas em moradores falecidos de São Paulo. Os indivíduos tinham idades entre 33 e 100 anos na morte (idade média de 69,5 anos). Foram identificadas 16 partículas e fibras de polímero sintético (plástico) nos bulbos olfativos do cérebro de 8 das 15 pessoas falecidas. Em quase 44% dos casos, o plástico era polipropileno — um dos plásticos mais comuns e usado em tudo, desde embalagens até roupas e acessórios domésticos. Isso sugere ambientes internos como uma grande fonte de microplásticos inalados.

Os pesquisadores apontam que a mucosa nasal localizada fora do cérebro pode interagir com o líquido cefalorraquidiano para permitir a entrada de microplásticos no bulbo olfatório por meio de pequenas "perfurações" em estruturas ósseas encontradas nessa área. Outros estudos já mostraram que "partículas de carbono negro ambiental" da poluição do ar podem ser encontradas no bulbo olfatório e, em casos raros, pequenas amebas que podem desencadear uma forma mortal de encefalite também são detectadas lá.

De acordo com os pesquisadores, os novos dados ampliam a noção de que não apenas o carbono negro, mas também os microplásticos se acumulam no bulbo olfatório dos humanos. Os pesquisadores ainda não sabem se estes microplásticos podem afetar a saúde do cérebro.

Fonte: JAMA Network Open DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2024.40018.

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