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NEW YORK, 09 de março – Mulheres que usam anticoncepcionais para controle de natalidade apresentam um risco reduzido de câncer de ovário, e os cientistas dizem que isto é devido à prevenção da ovulação e das mudanças hormonais que a acompanham. Agora, três novos estudos sugerem que a relação é mais complicada do que se pensava anteriormente. Por exemplo, os benefícios dos contraceptivos orais pode diminuir com a idade, de acordo com um estudo da Dra. Alice S. Whittermore da Escola de Medicina da Universidade Stanford na Califórnia, e colaboradores.
Os pesquisadores tentaram determinar se o declínio na incidência do câncer de ovário ao longo dos últimos 30 anos poderia ser explicado pelo aumento do uso de anticoncepcionais orais para controle de natalidade e diminuição do número de gestações.
Em mulheres com idade inferior a 50 anos, ambos os fatores parecem ser responsáveis pelo declínio nas taxas de câncer. Mas em mulheres com mais de 50 anos apresentam uma taxa mais alta do que seria esperado, sugerindo que "o efeito protetor dos contraceptivos orais diminui com a idade," escrevem os autores do estudo na edição de março da Epidemiology.
Em um segundo artigo na revista, o Dr. Victor Siskind do Instituto Queensland de Pesquisa Médica na Austrália, e colaboradores sugerem que os contraceptivos orais reduzem o risco de câncer de ovário em 7% por ano de uso, e que eles podem apresentar benefícios adicionais quando utilizados antes da primeira gestação.
A equipe australiana comparou 794 mulheres com câncer com 853 mulheres sem câncer, e encontrou que o risco diminuído se aplicava a todos os três tipos principais de câncer, tanto para tumores borderline (pré malignos) quanto malignos. Os contraceptivos orais podem proteger contra o câncer pela supressão dos hormônios androgênicos (masculinos) e pelo aumento de outro hormônio, progesterona, eles concluem.
O terceiro estudo, conduzido pela Dra. Roberta B. Ness da Universidade de Pittsburgh, Pennsylvania, e colaboradores, relatam que a inflamação pode desempenhar um papel no desenvolvimento do câncer ovariano.
Os pesquisadores encontraram que os contraceptivos orais podem auxiliar a diminuição do risco de câncer, mas outros fatores também podem. Mulheres que ficaram grávidas, cuidaram de bebês, que sofreram ligadura das trompas ou histerectomia estavam sob baixo risco de câncer ovariano. Alguns fatores aumentam o risco do câncer, incluindo o uso de talcos em qualquer área do corpo ou sobre as roupas íntimas, ou que apresentavam endometriose ou cistos de ovário – condições que podem irritar e inflamar os ovários. O estudo que incluiu 767 mulheres com câncer e 1.367 mulheres sem câncer, confirma a teoria de que "inflamação no epitélio ovariano é associada com o risco de câncer de ovário," concluem Ness e colaboradores. Eles sugerem que substâncias que são produzidas quando um tecido está irritado, como as citocinas (moléculas sinalizadoras das células), prostaglandinas (compostos semelhantes a hormônios que apresentam muitos efeitos no corpo) e fatores de crescimento podem levar ao desenvolvimento de células cancerosas.
Os três estudos sugerem que novos mecanismos para os efeitos protetores dos contraceptivos orais, de acordo com um editorial dos Drs. Ingemar Persson e Tomas Riman do Instituto Karolinska em Estocolmo, Suécia. Eles também observam que as pesquisas sugerem que o câncer de ovário é afetado diretamente pelos hormônios e pela inflamação do ovário.
FONTE: Epidemiology 2000;11:97-98, 102-105, 106-110, 111-117.
Publicado em Bibliomed Saúde em 24/03/1999
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