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NEW YORK – Pesquisadores estão trabalhando em uma terapia genética que tem o potencial de manter abertos os enxertos de bypass, reduzindo a necessidade de repetir a cirurgia de bypass cardíaco (conhecida como cirurgia de "ponte de safena").
A terapia genética em questão funciona suprimindo o crescimento de células que bloqueiam estes enxertos.
A cada ano, mais de 600.000 pessoas nos Estados Unidos fazem cirurgia de bypass (ponte de safena ou mamária), na qual os cirurgiões recanalizam o fluxo de sangue através de uma artéria bloqueada pelo implante de um vaso, usualmente retirado da perna. Apesar de a cirurgia apresentar uma alta taxa de sucesso a curto prazo, dentro de 10 anos cerca de 50% dos vasos enxertados ocluem; assim, uma em cada cinco cirurgias de bypass realizadas são procedimentos repetidos (reoperações).
As moléculas chamadas metaloproteinases da matriz (MMPs), que estimulam o crescimento de novas células, parecem ser responsáveis pela formação de uma lâmina espessada de tecido que bloqueia os enxertos.
"Se nós pudermos encontrar uma forma de bloquear o crescimento desta lâmina anormal, isto poderia fazer com que os enxertos durassem mais e adiar ou mesmo evitar uma segunda cirurgia cardíaca," disse em uma entrevista a Dra. Sarah J. George, da Universidade de Bristol, Reino Unido.
George e seus colaboradores relatam na edição de janeiro da Circulation: Journal of the American Heart Association, que a molécula chamada inibidor tissular da metaloproteinase (TIMP-3), que previne o crescimento de novas células e mata aquelas que se formam, pode se tornar útil na prevenção do bloqueio dos vasos enxertados.
Os pesquisadores testaram os efeitos do TIMP-3 em amostras de veias humanas em laboratório e em vasos implantados em porcos. Em ambos os casos, os vasos foram infectados com vírus inócuos que carreavam as moléculas.
De acordo com o artigo, o crescimento do tipo de células que leva ao bloqueio das artérias diminuiu em 84% das veias humanas após 14 dia e em 58% em veias de porcos enxertadas após 28 dias.
O estudo indica que a terapia usando TIMP-3 "pode reduzir o espessamento indesejável das veias que causam insuficiência de aproximadamente 50% dos enxertos de veias dentro de 10 anos", disse George à Reuters Health. Por prevenir o bloqueio dos vasos, este tratamento pode ser útil na redução da necessidade de repetir cirurgias, ela observa.
Em um editorial acompanhando o estudo, o Dr. Joseph Loscalzo, da Escola de Medicina da Universidade de Boston em Massachusetts, observa que o TIMP-3 tem "uma vantagem potencialmente única" na manutenção dos vasos abertos após cirurgia de pontes de safena, uma vez que ele não somente previne o crescimento de novas células como também mata as células novas que surgem.
Contudo, ele observa que a eficiência a longo prazo do tratamento permanece desconhecida. Além disto, estudos futuros deverão pesquisar qualquer efeito negativo que o tratamento possa apresentar em outros vasos sangüíneos próximos da veia implantada, escreve Loscalzo.
FONTE: Circulation: Journal of the American Heart Association 2000;101:221-223, 296-304.
Publicado em Bibliomed Saúde em 31/01/2000
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