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Ser mãe é um fato construído histórica e socialmente

20 de Maio de 2003 (Bibliomed). Existe uma idéia de senso comum de que ser mãe é uma coisa intrínseca, instintiva e pertencente à mulher. Mas, a psicóloga Kimy Otsuka Stasevskas, doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da USP, defende que o anseio pela maternidade é um sentimento historicamente construído que se enfraqueceu com as mudanças na sociedade e deixou de ser a única verdade.

Dessa forma, o homem pode fazer a função de mãe tanto quanto a mulher, cuidando da criança, dando educação, responsabilizando-se, dando carinho. “O jeito sacrificado de ser mãe, a idéia de que é ela quem tem o dom, o pendor, o carinho, a moral, a compreensão e que somente ela é responsável pela educação e pela estruturação da identidade do seu filho não é mais a única verdade”, disse.

Em sua dissertação de mestrado “Ser mãe: narrativas de hoje”, apresentada em 1999 ao Departamento de Saúde Materno-Infantil da FSP/USP, a pesquisadora explica que hoje em dia ainda entende-se a família como uma formação nuclear, com pai, mãe e filhos. Todos com atribuições pré-definidas dentro do seio familiar, sendo o pai o provedor financeiro e a mãe, aquela que cuida do lar, da criança e do marido.

Mas, para a pesquisadora, as mudanças já estão acontecendo, embora muito sutilmente. Ela explica que o relacionamento entre mães e filhos está se flexibilizando e se abrindo a novas perspectivas. E as crianças que crescem vendo a mãe como chefe de família ou o pai cuidando de um bebê, por exemplo, se tornam homens e mulheres mais abertos ao cumprimento dos novos papéis.

Mas ainda hoje a pressão social sobre as mulheres é evidente. “Essas cobranças ocorrem em razão do estereótipo de que a condição feminina está ligada ao papel de mãe. É como se a pessoa fosse menos mulher por não ter filhos ou por questões biológicas ou porque não quer cumprir essa tarefa. A sociedade incentiva o desprezo ou a piedade por mulheres que não têm filhos e condena aquelas que não os querem, provocando, na melhor das hipóteses, culpa e frustração”, disse.

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