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Televisão incentiva consumo de alimentos gordurosos

19 de Setembro de 2002 (Bibliomed). Mais da metade das propagandas televisivas do setor alimentício divulga produtos desaconselháveis a uma dieta saudável, contribuindo para o desenvolvimento de um padrão indesejado de dieta e até mesmo para o surgimento de excesso de peso. Foi o que constatou uma pesquisa do Laboratório de Nutrição e Comportamento da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto.

Os pesquisadores avaliaram os comerciais veiculados em três redes de televisão, durante três períodos do dia - manhã (8 às 12 horas), tarde (14 às 18 horas) e noite (18 às 22 horas) - e observaram que os anúncios de alimentos representavam cerca de 25% do total das propagandas veiculadas, e que o número de comerciais de alimentos gordurosos e com excesso de açúcar chegou a ser superior a 50%. "A presença dos alimentos gordurosos era constante, com uma única variação pelo horário. De manhã e à tarde, os anúncios focavam as crianças, enquanto à noite o público alvo são as mães, com propagandas de alimentos prontos ou semiprontos de fácil preparo", explicou o professor Sebastião de Sousa Almeida, coordenador da pesquisa.

Na segunda etapa do trabalho, os pesquisadores avaliarão, através de questionários respondidos por donas de casa, a influência dessas propagandas nos hábitos alimentares de seus espectadores. Para Almeida, o poder público deve exercer medidas para reduzir essa influência. "A melhor medida seria investir na educação. A criança precisa saber o que é uma dieta saudável, e como um alimento gorduroso pode comprometê-la", disse, acrescentando que a ação deve ser adotada também nas cantinas das escolas. "Não adianta ensinar para a criança procurar alimento saudável se o que ela vê exposto nas cantinas das escolas são salgadinhos, doces e refrigerantes", alertou.

O pesquisador sugere, ainda, que a propaganda seja submetida a um crivo para permitir ou não sua exibição, o que já é feito em alguns países europeus. "Com isso, pode-se corrigir o problema da distorção entre o que o comercial diz e o que realmente o alimento contém em sua composição, não sendo permitido que um anúncio atribua a um produto características que ele não possui", disse, explicando que para garantir a atenção dos expectadores os anúncios de alimentos enfatizam situações cotidianas e associam o alimento com sentimentos de felicidade, prazer, bem estar, saúde e até mesmo o prazer do ato de consumir.

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