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Alimentação é influenciada por motivações pessoais

20 de Fevereiro de 2003 (Bibliomed). As mudanças de hábitos alimentares, recomendadas por profissionais de saúde, devem considerar fatores específicos de cada um, como o cotidiano, os relacionamentos e a preferência quanto aos alimentos. Essa é a conclusão da enfermeira Regina Bermudo Narciso, que estudou as causas que influenciam as pessoas a ingerirem alimentos gordurosos, para a realização da dissertação de mestrado “Conhecimentos e crenças sobre o consumo de alimentos ricos em gordura”, apresentada na Escola de Enfermagem da USP.

“É preciso compreender no que se baseiam as escolhas das pessoas para fazer uma intervenção melhor e não repetir orientações que não são implementadas”, explicou, ressaltando que a alimentação das pessoas é influenciada por uma série de motivações pessoais, como educação, associações afetivas, presença constante de dúvidas, ambigüidades, sentimentos de culpa, necessidade de disciplina e conflitos entre o conhecimento racional e o prazer.

A enfermeira entrevistou 28 pacientes, divididos igualmente por sexo e faixas etárias de 30 a 40 e de 41 a 50 anos, num setor de exames periódicos de um hospital particular paulistano. “Mesmo com alto nível sócio-econômico, boa informação e todos os recursos disponíveis, muitos não conseguiam resolver seus problemas”, observou.

Fundamentada numa teoria da psicologia social, a pesquisadora considerou que as pessoas tomam suas decisões com motivações de duas origens: sua opinião particular sobre tomar uma atitude qualquer e as conseqüências deste ato, e a opinião de pessoas próximas com as quais ela procura concordar.

Entre as motivações relativas à opinião pessoal, as influências sobre a alimentação dos pacientes estavam relacionadas a prazer, saúde e disponibilidade. Gosto e aparência justificaram o consumo e a rejeição aos alimentos. Muitas pessoas se referiram ao conforto emocional que tinham ao comerem doces e produtos que remetessem à sua infância e aos hábitos familiares. A gordura foi relacionada a males, como problemas cardíacos, mas também foi apontada como vital para algumas funções do organismo. Os alimentos gordurosos foram considerados por muitos, como alimentos baratos e disponíveis.

Quanto às influências causadas por outras pessoas, a família e os grupos de amigos foram apontados como os maiores estimuladores do consumo de gordura, em reuniões festivas. A pesquisadora observou que o ambiente de trabalho pode estimular o consumo, mas proporciona uma cobrança entre colegas, sobretudo estética, principalmente entre as mulheres.

A pesquisadora observou ainda que, em geral, as mulheres inibem seus maridos a consumirem gordura por razões de saúde. “O encontro familiar é estimulante, mas os familiares isolados são cuidadosos”, disse. Outros inibidores são os médicos e programas das empresas.

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