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Bebês prematuros com mais qualidade de vida

Belo Horizonte, 15 de Janeiro de 2002 (Bibliomed). Bebês prematuros e suas mães ganharam um novo programa de atenção médica e psicológica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).

O trabalho de psicólogos que atuam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para recém-nascidos pode ajudá-los a se desenvolver mais rápido e a enfrentar melhor as dificuldades de sua permanência no hospital.

O que os médicos e psicólogos pretendem é transformar a UTI num espaço para o desenvolvimento biológico e psicológico do bebê, além de garantir o seu crescimento físico.

A experiência já é considerada um sucesso pelos profissionais que atuam no setor. Uma equipe interdisciplinar está concentrando esforços no acompanhamento de mães e bebês nessas condições para minimizar os problemas e os impactos de uma longa internação.

O trabalho continua após alta, com acompanhamento feito nos ambulatórios do Hospital das Clínicas, até a idade escolar da criança.

Segundo a professora Maria Beatriz Martins Linhares, do setor de Psicologia do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da FMRP, com a evolução da medicina, bebês cada vez menores têm sobrevivido. Ela lamenta é que o Brasil invista tão pouco para o conhecimento da qualidade de vida dessa clientela.

Estudos feitos anteriormente mostraram que as crianças prematuras integram um grupo de risco que pode apresentar problemas biopsicosociais. Elas são mais propensas a desenvolver dificuldades comportamentais, deficiências cognitivas e de desempenho escolar, além de déficit de crescimento físico.

Por essas razões, a professora argumenta que a classe médica tem que aprender a olhar, não apenas as curvas de crescimento físico da criança prematura, mas os indicadores de adaptação dessa criança na sociedade.

O período médio de internação de um bebê prematuro de peso muito baixo na UTI Neonatal é de três meses, podendo chegar a seis, em alguns casos. Beatriz explica que, nos primeiros anos de vida, esses bebês apresentam problemas de saúde que podem causar hospitalizações frequentes. As mães, por sua vez, também são afetadas por essa realidade, o que pode colocar em risco a sua saúde física e psicológica.

Em 1996, O HC instalou dois programas de pesquisa e assistência para essa clientela. O programa de apoio às mães conta com pediatras e psicólogos. Os estudos feitos com elas mostraram que cerca da metade apresenta sinas de ansiedade e depressão que exigem cuidados especiais. A instabilidade emocional, confirmada na pesquisa, está ligada ao nascimento e internação do bebê, com sérios riscos de morte.

Os estudos também demonstraram a relação direta entre um ambiente familiar positivo com a neutralização dos problemas vividos por essas crianças. Os resultados levam os especialistas a crerem nos benefícios da intervenção psicológica precoce, desde a UTI até a fase escolar, para a melhoria da qualidade de vida dessas crianças.

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