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Doença do Espelho

Um livro escrito por um psiquiatra americano chama a atenção para um distúrbio masculino: a dismorfia muscular. Homens perfeitos – com cabeleiras cheias, pele impecável e músculos enormes – estão tomando conta do mundo. Eles estão em todos os lugares: cinema, TV, revistas. Um dos resultados disso é que muitos homens normais estão se sentindo inferiores.

Esse é o tema de um livro que está criando polêmica em todo o mundo, inclusive no Brasil. Segundo Harrison Pope Jr., professor de psiquiatria e autor de “Complexo de Adônis”, “os homens estão experimentando do mesmo remédio que as mulheres vêm tomando há anos. Eles olham para imagens de homens perfeitos e acham que é assim que eles devem ser”. O resultado, segundo ele, é que nunca tantos homens se sentiram tão inadequados.

Ironicamente, a imagem da perfeição masculina só pode ser atingida com a ajuda de esteróides, que além de proibidos em muitos esportes profissionais, ainda podem causar sérios problemas de saúde. Mas o lado mais perigoso do Complexo de Adônis se chama dismorfia muscular. Os homens que têm esse distúrbio são obcecados pela imagem, às vezes fixados em apenas um aspecto dela. O cabelo é o primeiro item da lista de obsessões masculinas. Outros fatores são os músculos, tórax, tamanho do pênis e gordura.

Muitos homens que sofrem de dismorfia muscular se olham no espelho várias vezes por dia, fazem musculação freneticamente e muitos têm vergonha de tirar a camisa em público, apesar do físico musculoso.

Tanto a dismorfia como a anorexia, além da distorção da imagem, envolvem distúrbios na alimentação, negação do prazer e atividade física compulsiva. Mas, segundo o psiquiatra especialista em transtornos alimentares Marco Aurélio Peluso, da USP, poucos detalhes bioquímicos, neurológicos e comportamentais sobre o dismorfia muscular impedem comparações desse tipo. "Hoje é classificado como um transtorno psiquiátrico, pois ainda não foi encontrada nenhuma relação hormonal (presente na anorexia), mas não se pode descartar essa hipótese", diz Peluso. O tratamento indicado inclui terapia e às vezes remédios antidepressivos.

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