Notícias de saúde

Poluição de Usinas a Carvão Mata 30 Mil ao Ano nos EUA

Por Chris Reese

NOVA YORK (Reuters) - A poluição por material particulado fino, emitido por usinas elétricas, especialmente as movidas a carvão, mata 30 mil pessoas nos Estados Unidos anualmente, conforme trabalho de um grupo ambiental que luta por padrões mais rígidos de controle da qualidade do ar. Especialistas em energia elétrica e no uso de carvão contestam os dados da pesquisa.

De acordo com o estudo, as cidades populosas situadas nas proximidades de usinas elétricas movidas a carvão têm taxas de morte provocadas por emissão de material particulado fino muito mais elevadas que as cidades onde há poucas ou nenhuma dessas usinas.

"Mais de mil mortes por ano podem ser atribuídas à poluição emitida por usinas americanas geradoras de energia e nossa pesquisa mostra que essas pessoas estão morrendo meses, anos antes do que deveriam por causa da poluição", diz o estudo denominado "Death, Disease & Dirty Power" (Morte, Doença e Energia Suja), divulgado esta semana pelo grupo Clean Air Task Force, com sede em Boston.

As partículas causam problemas respiratórios e cardíacos, com maior impacto em idosos, crianças e em pessoas com problemas respiratórios.

O trabalho teve como alvo as usinas elétricas, porque elas superam todas as outras fontes poluidoras em emissão de sulfatos, o principal componente da poluição por partículas.

Representantes das indústrias de carvão e de energia argumentam que o trabalho não leva em conta pesquisas contraditórias e dados que mostram que os sulfatos tem um impacto mínimo sobre a saúde pública.

"Não se permite que essas usinas emitam fuligem", declarou John Grasser, porta-voz da Associação Nacional das Mineradoras, com sede em Washington. "Os números desse estudo são suspeitos", afirmou.

Das cerca de 1 bilhão de toneladas de carvão produzidas nos EUA este ano, 80% deverão ser usadas na geração de energia elétrica, segundo dados da associação. As usinas movidas a carvão respondem por 54% da eletricidade produzida nos Estados Unidos.

O trabalho do Task Force defende a redução da emissão de material particulado nas usinas elétricas.

"Aproximadamente dois terços (18 mil) das mortes causadas pela emissão de material particulado poderiam ser evitadas com a adoção de políticas de redução da poluição por dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio para níveis 75% menores que os emitidos em 1997", afirma o relatório do grupo ambientalista.

Os números de mortes e hospitalizações poderiam ser reduzidos significativamente com o fechamento de velhas usinas poluidoras que continuam operando graças à legislação atual", afirma o relatório.

Segundo a associação das mineradoras, porém, "os padrões de qualidade do ar são todos baseados em padrões de saúde. Foram estabelecidos entre a indústria e a EPA (Agência de Proteção Ambiental) e são bastante rígidos".

O trabalho do Task Force coloca Pensilvânia, Ohio, Nova York e Carolina do Norte no topo da lista das taxas de mortalidade, hospitalizações e crises de asma por terem uma grande população vivendo perto de usinas movidas a carvão.

Kentucky, o Estado mais dependente do carvão para geração de energia é o primeiro na taxa de mortalidade, com 44 mortes por 100 mil adultos, de acordo com o trabalho. A taxa de mortalidade do Estado é 30 vezes mais alta que a da Califórnia, onde, a despeito da população grande, há poucas indústrias movidas a carvão ou óleo, informou o trabalho.

"Discordamos veemente desse relatório", disse John Shipp, administrador de política ambiental e planejamento do Tennessee Valley Authority (TVA), a maior usina elétrica pública dos EUA, que atende 8 milhões de pessoas no Vale do Tennessee.

A TVA é a empresa que mais queima carvão no Kentucky. Dos 13.995 megawatts gerados no Estado, 12.517 megawatts (89 por cento) são gerados pela queima de carvão.

Sinopse preparada por Reuters Health

Copyright © 2000 Reuters Limited. All rights reserved. Republication or redistribution of Reuters Limited content, including by framing or similar means, is expressly prohibited without the prior written consent of Reuters Limited. Reuters Limited shall not be liable for any errors or delays in the content, or for any actions taken in reliance thereon.

Faça o seu comentário
Comentários