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Transtorno Depressivo Maior

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- O que é o transtorno depressivo maior?
- O que é depressão endógena?
- Quais os sintomas do transtorno depressivo maior?
- Como é feito o tratamento da depressão maior?

O que é o transtorno depressivo maior?

Esse é o tipo mais grave de depressão. Nesse transtorno, os pacientes costumam apresentar maior quantidade de sintomas depressivos, e eles são mais graves. Pode ser resultante de um evento traumático único na vida, ou pode se desenvolver mais lentamente ao longo dos anos, em conseqüência a várias decepções pessoais e ao enfrentamento de vários problemas. No entanto, alguns pacientes desenvolvem o transtorno depressivo maior, sem nenhum fator estressante identificável. Outros apresentam uma depressão crônica mais leve e, ao vivenciarem um trauma, desencadeiam uma depressão mais grave.

A depressão maior pode ocorrer uma única vez na vida, responder ao tratamento adequado e nunca mais recorrer. Alguns pacientes, no entanto, tendem a apresentar episódios recorrentes, intercalados com períodos de tempo variável, no qual se encontram totalmente livres de sintomas. Geralmente, as recorrências estão associadas a novos eventos traumáticos. Essa seria a depressão recorrente. O tratamento desses dois subtipos é semelhante, porém na depressão recorrente a duração da terapia costuma ser maior.

O que é depressão endógena?

Ainda existe muito debate entre os especialistas quanto à chamada "depressão endógena", ou seja, a depressão que se desenvolve sem nenhuma causa psicológica identificável. Seria uma depressão de causa biológica, devida presumivelmente a causas genéticas ou a distúrbios no funcionamento dos neurotransmissores cerebrais (substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios). No entanto, todos os tipos de depressão envolvem alterações na bioquímica cerebral, mesmo quando existe um trauma identificável.

Atualmente, não existe apoio científico suficiente para a depressão endógena. Às vezes, emprega-se esse termo para definir os casos que não respondem bem ao tratamento, sendo muitas vezes recomendado apenas o tratamento medicamentoso, sem psicoterapia. De uma maneira geral, os pacientes com depressão respondem melhor ao tratamento com medicação quando são tratados também com psicoterapia, especialmente a chamada terapia cognitivo-comportamental. Os medicamentos tratam os sintomas de depressão, sendo parte importante do programa de tratamento, porém é necessário também tratar os problemas psicológicos que levaram à depressão.

Quais os sintomas do transtorno depressivo maior?

A depressão maior caracteriza-se por um conjunto de sinais e sintomas, que duram pelo menos duas semanas sem apresentarem melhora significativa. Para definir-se esse diagnóstico, devem ser encontrados sintomas de pelo menos cinco das seguintes categorias:

• Humor persistentemente deprimido, triste, angustiado ou sentimento de vazio;
• Sentimentos de invalidez, desamparo ou culpa excessiva;
• Perda de interesse e prazer pelas atividades normais;
• Redução da energia e fadiga crônica;
• Sentimentos pessimistas e falta de esperança quanto ao futuro;
• Perda de memória, dificuldade para tomar decisões e se concentrar;
• Irritabilidade, inquietação;
• Perda de apetite e do interesse pela comida, ou aumento exagerado do apetite associado a ganho de peso;
• Distúrbios do sono: insônia ou sono em excesso;
• Pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida.
• Além disso, devem ser preenchidos outros critérios, como:

- Os sintomas não devem ser acompanhados de episódios de mania (caracterizados por euforia, agitação e atitudes intempestivas);

- Eles devem comprometer funções importantes na vida da pessoa, como o trabalho ou os relacionamentos pessoais;

- Não devem ser causados por drogas, álcool ou outras substâncias;

- Não podem ser causados pela tristeza (luto) comum.

Essa lista é apenas um guia para te ajudar a entender o que é a depressão, e não para que você se diagnostique. Caso perceba algum sintoma parecido, procure um profissional.

Como é feito o tratamento da depressão maior?

Embora a depressão maior seja uma doença devastadora, é potencialmente tratável. Entre 80% e 90% dos pacientes com esse diagnóstico podem ser eficazmente tratados e retornam à sua vida normal. Vários tratamentos estão disponíveis, e o tipo escolhido vai depender dos padrões individuais e da gravidade de cada caso. Existem basicamente três modalidades terapêuticas aprovadas no tratamento desse transtorno: medicamentos; psicoterapia; eletroconvulsoterapia. Essas modalidades podem ser empregadas isoladamente, porém seu efeito é melhor quando usadas em combinação. Além disso, a educação adequada dos pacientes e o suporte psicológico são essenciais na promoção da recuperação. Outros aspectos importantes do tratamento dizem respeito ao estilo de vida:

• Melhora da qualidade da dieta;
• Prática regular de atividade física;
• Parar de fumar.

1) Medicamentos

Geralmente, leva-se de três a quatro semanas para que os medicamentos antidepressivos comecem a apresentar algum efeito, sendo que o efeito máximo é obtido após seis a doze semanas de uso. Os primeiros antidepressivos começaram a ser usados na década de 50, e a partir de então vários outros medicamentos vêm sendo desenvolvidos, com o objetivo de melhorar o efeito antidepressivo e reduzir os efeitos colaterais. A finalidade primordial dos antidepressivos é a de corrigir os desequilíbrios químicos cerebrais, encontrados em pacientes com depressão. São várias as opções medicamentos, mas os mais usados pertencem aos seguintes grupos:

- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina: atuam especificamente em relação ao neurotransmissor chamado de "serotonina". São os agentes antidepressivos mais prescritos, em todo o mundo. Esses medicamentos aumentam a quantidade de serotonina nas junções entre os neurônios, melhorando a comunicação entre eles. Exemplos desses medicamentos são: fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopran e fluvoxamina.

- Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina: são o segundo grupo mais utilizado. Eles aumentam a quantidade de serotonina e noradrenalina nas junções entre os neurônios. Exemplos: venlafaxina e duloxetina.

- Bupropion: é um inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina. Muito empregado em pacientes que desejam parar de fumar, com bons efeitos.

- Mirtazapina: esse antidepressivo atua ativando os receptores de serotonina e noradrenalina, no cérebro, sem aumentar a quantidade desses neurotransmissores.

- Antidepressivos tricíclicos: são agentes mais antigos, sendo pouco utilizados como medicamentos de primeira linha. Apresentam alta taxa de efeitos colaterais, e atuam de maneira semelhante aos inibidores seletivos da recaptação de seroronina. Exemplos: amitriptilina, imipramina, nostriptilina.

Os pacientes e familiares devem ficar atentos na fase inicial do tratamento medicamentoso, porque os níveis normais de energia e a capacidade de tomar atitudes geralmente retornam antes da melhora do humor. Nesse momento – em que as decisões são tomadas mais facilmente, mas a depressão continua grave – o risco de suicídio pode aumentar temporariamente.

2) Psicoterapia

Existem diversas formas de psicoterapia que demonstraram benefício no tratamento da depressão maior, incluindo a terapia cognitivo-comportamental e a terapia interpressoal. Os estudos mostram que os pacientes com depressão leve podem ser tratados adequadamente com psicoterapia apenas. No entanto, nos casos mais graves a terapia combinada é necessária.

- Terapia cognitivo-comportamental: ajuda a pessoa a mudar seus sentimentos negativos e o comportamento insatisfatório, associado à depressão. Além disso, os pacientes aprendem como eliminar os padrões de comportamento que contribuem para a depressão.

- Terapia interpessoal: enfoca a melhoria nos problemas de relacionamento e a adaptação a novos papéis não associados à depressão.

3) Eletroconvulsoterapia

Essa modalidade terapêutica consiste na aplicação de corrente elétrica, em eletrodos aplicados na cabeça do paciente. O paciente encontra-se devidamente sedado, e não sente nada. É um tratamento bastante eficaz, na abordagem da depressão grave. Deve ser considerada naqueles casos que não respondem aos outros tratamentos já empregados, ou quando a melhora dos sintomas e da ideação suicida é muito lenta.

Copyright © 2009 Bibliomed, Inc.                                                                         30 de julho de 2009