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03 de Abril de 2002 (Bibliomed). Os Ministérios da Saúde e da Educação querem mudanças no currículo dos médicos em formação. Na semana passada, foi lançado um Programa de Incentivos a Mudanças Curriculares em Medicina (Promed), que deve investir R$ 8 milhões até 2003 em diversas escolas médicas. O principal objetivo do Promed é atualizar a formação dos estudantes, adequando o ensino à realidade das políticas e do sistema de saúde brasileiro.
Nas três últimas décadas, os currículos praticamente não sofreram qualquer modificação. O ministro da Saúde, Barjas Negri, acredita que o Promed vai aperfeiçoar a formação dos médicos brasileiros, melhorando o atendimento feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também os resultados do Programa de Saúde da Família (PSF). Além de Negri, estava presente na solenidade de lançamento do Promed o ministro da Educação, Paulo Renato de Souza.
Entre as recomendações dos dois ministérios estão a valorização da Medicina preventiva, em substituição ao pensamento meramente curativo; a promoção da humanização do atendimento, fortalecendo as bases éticas; e o incentivo à participação dos profissionais em programas como o PSF, enfocado na atenção básica. Inicialmente, 20 escolas médicas serão selecionadas para receber os investimentos. Cada uma deve apresentar um projeto específico aos Ministérios. O dinheiro, então, será repassado para a contratação de consultores, a reciclagem de professores e a compra de material. Trabalho semelhante já foi feito nos Estados Unidos e no Canadá, além de países europeus.
Um levantamento feito pela Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico (Cinaem) revelou que os médicos recém-formados deixam as escolas do País dominando apenas metade dos conhecimentos necessários.
Segundo o Cinaem, a residência médica – que garante a especialização – é o caminho escolhido por dois terços dos médicos. Em todo o País, existem cerca de 250 mil profissionais registrados no Conselho Federal de Medicina (CFM). Anualmente, 7.500 pessoas se formam em uma das 92 faculdades de Medicina do País. A relação é de um médico para cada 1.720 pessoas.
Atualmente, o quadro de médicos brasileiros tem se caracterizado pela excessiva especialização médica e pelo aumento nos custos da assistência. Em conseqüência disso, está desaparecendo a figura do médico generalista. Esse profissional é visto como peça fundamental para o funcionamento do PSF, que já tem mais de 14 mil equipes em atuação nos Estados brasileiros. A expectativa é de que, até o fim do ano, já sejam mais de 20 mil equipes trabalhando com um orçamento de R$ 1,3 bilhão.
O Promed tem a participação da Organização Panamericana de Saúde (Opas).
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