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Puberdade Precoce Intriga Pesquisadores

WASHINGTON (Reuters Health) - Há anos, os cientistas sabem que meninos e meninas estão atingindo a puberdade mais cedo, mas ainda não sabem por que isto está acontecendo ou que consequências pode ter, disseram especialistas na segunda-feira durante uma conferência em Washington.

Em 1997, um estudo com 17 mil meninas que se tornou referência verificou que a média de idade de início da puberdade diminuiu um ano em relação a estudos anteriores com meninas caucasianas, chegando a 9,7 anos.

As meninas afro-americanas atingem a puberdade ainda mais cedo, com idade média de cerca de 8 anos, disse Marcia Herman-Giddens, principal autora desse estudo e professora da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill.

Os dados sobre o início da puberdade têm sido deficientes ao longo dos anos, especialmente para afro-americanas.

"Estou certa de que essa é uma tendência real", disse Herman-Giddens, acrescentando que a adolescência parece estar começando mais cedo e durando mais em crianças em todo o mundo. Atualmente, a pesquisadora está analisando dados sobre meninos norte-americanos.

"O que estamos verificando é um sintoma de um problema de saúde pública muito sério", disse a especialista, destacando que o impacto físico e mental de longo prazo da puberdade precoce não é bem compreendido.

A obesidade ou o peso excessivo que têm sido associados à puberdade precoce podem ser uma causa possível. Outras fatores como genética, baixo peso ao nascimento, dieta pobre, falta de atividade e, surpreendentemente, ausência do pai ou de uma figura masculina na casa também têm sido propostos como explicações.

Os cientistas também estão avaliando se os chamados "interruptores endócrinos" -- um grupo de substâncias químicas consideradas como fatores de interferência na função hormonal -- poderiam estar estimulando ou retardando a puberdade, disse Herman-Giddens.

Para John Peterson Myers, diretor da fundação W.Alton Jones e autor de um livro sobre contaminação química e desenvolvimento fetal, algumas dessas substâncias químicas retardaram o desenvolvimento sexual de fetos de ratos.

Entre as substâncias químicas mais polêmicas estão os ésteres de ftalatos encontrados em brinquedos, piso de vinil, detergentes, cosméticos e loções. A indústria química e de cosméticos diz que as substâncias foram comprovadas como seguras e que não contribuem para a puberdade precoce.

"A ciência não está segura mas há uma associação plausível", disse Myers. Diana Zuckerman, diretora-executiva do Centro Nacional para Política de Pesquisa para Mulheres e Famílias, disse estar preocupada com o impacto psicológico da puberdade precoce em meninas.

Estudos anteriores mostraram que meninas que se desenvolvem precocemente começam a namorar e praticam sexo mais cedo, estão sujeitas a mais estresse psicológico e problemas de comportamento e estavam mais propensas a beber e fumar, informou Zuckerman.

"Não importa o que elas parecem ser, ainda são garotinhas", disse a diretora. Zuckerman também acha que a puberdade precoce causa estresse adicional aos pais que precisam falar sobre a sexualidade mais cedo.

Sinopse preparada por Reuters Health

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