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Novo Tratamento é Eficaz Contra Esclerose Múltipla

24 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Testes realizados em macacos sugeriram que "sobrecarregar" o corpo com proteínas danificadas na esclerose múltipla (EM) pode ter o efeito de proteção contra o processo de autodestruição desencadeado pela doença, anunciaram pesquisadores na segunda-feira.

A equipe informou que a abordagem pode funcionar em outras doenças autoimunes como diabete tipo 1, em que o sistema de defesa ataca equivocadamente as células pancreáticas, e a miastenia grave em que as células musculares são atingidas.

Conforme a equipe de Michel Lenardo, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, sigla para National Institute of Allergy and Infectious Diseases), a nova abordagem pode ser uma boa alternativa para os tratamentos atuais que deprimem o sistema imunológico e deixam os pacientes vulneráveis a uma série de outras doenças.

"Os atuais tratamentos para EM suprimem amplamente o sistema imunológico e podem ter efeitos colaterais tóxicos", declarou Lenardo.

"Este tratamento chamado imunoterapia de antígeno específico, tem como alvo especificamente as células T do sistema de defesa que causam a doença. Presumivelmente, não levaria a tais efeitos colaterais", explicou o pesquisador.

A esclerose múltipla afeta os nervos do cérebro e da medula espinhal provocando distúrbios na fala, visão, movimentos e eventualmente paralisando os músculos. É causada pelo ataque de células de defesa conhecidas como células T às bainhas de mielina que protegem as fibras nervosas.

Em artigo publicado na edição de fevereiro do Journal of Immunology, a equipe de Lenardo anunciou ter verificado que as células T atacam as bainhas quando são expostas a pequenas quantidades de proteínas que formam a mielina.

Mas quando expostas a grandes quantidades de proteína, as células T se destroem -- assim como quando expostas a grandes quantidades de qualquer antígeno. Antígenos são substâncias que estimulam um ataque imunológico.

"A terapia é de contagem intuitiva -- alguém poderia pensar que poderia ser como derramar gasolina no fogo", disse Lenardo. Na realidade, limita o número de células T no corpo.

"Como qualquer arma potente, você quer controlar quanto é usado", disse Lenardo. "O sistema imune não deixa as células T crescerem sem controle e matarem a pessoa. Neste caso, acrescentar mais antígenos abafa o fogo", explicou o pesquisador.

Para o experimento, a equipe simulou a esclerose múltipla em nove macacos sagui injetando proteína de mielina apenas suficiente para estimular as células T a atacar as bainhas de mielina.

Depois, deram doses adicionais grandes para três macacos, doses moderadas para outros três e nada mais para os últimos três e observaram por cerca de três meses.

Os macacos que não foram tratados apresentaram sintomas clínicos de esclerose múltipla e nenhum dos animais do grupo da dose grande apresentou sintomas. No grupo da dose moderada, dois dos três macacos tiveram sintomas que foram significativamente retardados.

Imagens de ressonância magnética do cérebro dos macacos mostraram graves danos às bainhas de mielina em dois macacos que não receberam o tratamento e um macaco do grupo da dose moderada. No grupo da dose grande parece ter havido danos menores mostrando que a doença não foi totalmente interrompida.

Mais estudos são necessários, mas para os pesquisadores o trabalho sugeriu uma nova abordagem global para tratar doenças autoimunes que afetam cerca de 5 por cento da população norte-americana.

Copyright © 2001 Bibliomed, Inc.

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