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Apneia obstrutiva do sono pode causar o declínio cognitivo precoce

04 de outubro de 2023 (Bibliomed). A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio respiratório multissistêmico, debilitante e crônico durante o sono, resultando em um padrão relativamente consistente de déficits cognitivos. Mais recentemente, argumentou-se que esses déficits cognitivos, especialmente em pacientes de meia-idade, podem ser causados por comorbidades cardiovasculares e metabólicas, e não por processos distintos de AOS, como, por exemplo, hipoxemia intermitente noturna, estresse oxidativo, neuroinflamação e fragmentação do sono.

Um novo estudo avaliou um grupo de 27 homens com idades entre 35 e 70 anos com um novo diagnóstico de AOS leve a grave, mas sem nenhuma comorbidade. Esses pacientes são relativamente raros, porque a maioria dos homens e mulheres com AOS tem comorbidades como doenças cardiovasculares e metabólicas, acidente vascular cerebral, diabetes, inflamação sistêmica crônica ou depressão.

Os homens não eram fumantes ou abusavam do uso de álcool e não eram obesos (ou seja, com índice de massa corporal (IMC) abaixo de 30). Como controle, os pesquisadores estudaram um grupo de sete homens pareados com idade, IMC e escolaridade, porém sem AOS.

Na pesquisa, as ondas cerebrais de indivíduos adormecidos foram medidas por eletroencefalografia (EEG), enquanto seus níveis de oxigênio no sangue, frequência cardíaca, respiração e movimentos dos olhos e das pernas foram rastreados.

Os resultados mostraram que os pacientes com AOS grave tinham pior vigilância, funcionamento executivo, memória de reconhecimento visual de curto prazo e reconhecimento social e emocional do que os controles correspondentes. Os pacientes com AOS leve tiveram melhor desempenho nesses domínios do que os pacientes com AOS grave, mas pior do que os controles. "Os déficits mais significativos ocorreram na cognição social e no reconhecimento de emoções", escreveram os autores.

Os autores concluem que a AOS é suficiente para causar esses déficits cognitivos, que estudos anteriores atribuíram às comorbidades mais comuns da AOS, como hipertensão sistêmica, doenças cardiovasculares e metabólicas e diabetes tipo 2. Os achados sugerem que processos distintos conduzidos pela AOS podem ser suficientes para que as mudanças cognitivas ocorram já na meia-idade, em indivíduos saudáveis.

Fonte: Frontiers in Sleep. DOI: 10.3389/frsle.2023.1097946.

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