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Distúrbio do Sono Pode Aumentar Risco de Enfarte

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Para algumas pessoas, o ronco pode ser mais que um simples incômodo. Os distúrbios respiratórios graves, que levam à apnéia noturna, estão associados ao aumento do risco de doenças cardiovasculares como enfarte, derrame e hipertensão a longo prazo.

A afirmação foi feita pelo especialista em fisiologia da respiração do Centro Médico da New York University, David Rapaport, durante conferência realizada terça-feira na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.

Segundo Rapoport, as paradas respiratórias associadas à obstrução das vias aéreas levam à diminuição da oxigenação sanguínea, que resulta no despertar barulhento.

"O problema respiratório acorda a pessoa e este despertar tem consequências fisiológicas", disse o cientista à Reuters.

A reação provoca uma alteração no funcionamento normal do corpo durante o sono tendo reflexo sobre a pressão arterial e frequência cardíaca.

"Ao despertar, os batimentos cardíacos aumentam em 10 pontos e há um pico na atividade do sistema nervoso simpático que provoca estresse, podendo explicar o aumento do risco de ataque cardíaco", explicou Rapoport.

Segundo o especialista, o diagnóstico da chamada apnéia obstrutiva do sono é feito em laboratórios que registram o ciclo respiratório e o sono durante uma noite. Em casos graves, pode chegar a mais de 15 episódios de apnéia e de despertar por hora.

Como o sono fica bastante alterado, o principal sintoma é a grande sonolência durante o dia e o ronco intenso ao dormir. A partir de um estudo com 30 mil pessoas, em andamento há seis anos em nove Estados norte-americanos, Rapoport estima que a incidência de apnéia noturna grave chega a 4 por cento entre os homens e 2 por cento entre mulheres.

Problemas anatômicos e neurológicos podem estar na origem desta síndrome, cujas principais características são o estreitamento das vias aéreas e a diminuição do tônus muscular que ocorrem apenas durante o sono.

O tratamento está indicado em casos graves e onde há interação com outros problemas, como taxa de colesterol anormal e obesidade. Conforme Rapoport, ainda não há conclusões sobre o uso de medicamentos e as cirurgias para remoção de tecido e abertura das vias aéreas, que podem chegar à traqueostomia, são bastante drásticas.

As anormalidades respiratórias durante o sono variam em intensidade e nem todo mundo que ronca ou dorme mal precisa ficar preocupado.

Os cientistas não estão certos de que mesmo apnéias leves também estejam relacionadas ao desenvolvimento de problemas cardiovasculares. Quando não existirem doenças associadas, a indicação é mudar os hábitos e estabelecer uma rotina de relaxamento além de manter uma certa regularidade na hora de ir para cama e de despertar.

Em casos de insônia, problema frequente entre mulheres durante a gravidez e a menopausa, o uso de medicamento não deve ser contínuo.

"Os hipnóticos e ansiolíticos funcionam, mas causam uma dependência psicológica. O melhor é se libertar do hábito de tomar remédio para dormir", disse Rapoport.

Sinopse preparada por Reuters Health

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