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Água contaminada causou problemas mentais em cidade nos EUA

25 de novembro de 2022 (Bibliomed). Em 25 de abril de 2014, a cidade de Flint, em Michigan, nos Estados Unidos, trocou sua fonte de abastecimento de água do Lago Huron e do Rio Detroit para o Rio Flint. Na época, não foi feito o tratamento adequado da água, o que permitiu que chumbo e outros elementos vazassem de canos de água antigos, expondo os moradores de Flint a níveis inseguros de bactérias, subprodutos de desinfecção e chumbo, um neurotóxico. A água potável de Flint não foi declarada sem chumbo até 24 de janeiro de 2017.

A crise afetou dezenas de milhares de crianças e adultos, que tinham altos níveis de chumbo no sangue, colocando-os em risco de problemas de pensamento e memória, problemas de saúde mental e outros problemas de saúde em geral. Hoje, anos depois, essa crise hídrica ainda afeta fortemente a saúde mental dos moradores da cidade, mostra uma grande pesquisa realizada por pesquisadores da Duke University, nos EUA.

A pesquisa, realizada entre meados de agosto de 2019 e meados de abril de 2020, incluiu 1.970 adultos que viviam em Flint durante a crise. Eles foram questionados sobre suas experiências de crise, seus sintomas psicológicos e acesso e uso de serviços de saúde mental cinco anos após do evento. Os resultados mostraram que 22,1% preencheram critérios para depressão no último ano, 24,4% para transtorno do estresse pós-traumático e 14% para ambos.

Moradores que acreditavam que sua saúde ou de sua família foi prejudicada por água contaminada, que tinham baixa confiança nas informações oficiais, que tiveram exposição prévia a eventos potencialmente traumáticos ou que que relataram baixo apoio social apresentaram risco significativamente maior de depressão, transtorno do estresse pós-traumático e comorbidades. Eventos potencialmente traumáticos envolvendo agressão física ou sexual prévia foram fatores de risco especialmente potentes.

Apenas 34,8% dos entrevistados já receberam serviços de saúde mental para ajudar com sintomas psiquiátricos relacionados à crise hídrica; a maioria, 79,3%. a quem foi oferecido os serviços os utilizou.

Os pesquisadores disseram que o povo de Flint provavelmente tinha taxas mais altas de problemas de saúde mental antes da crise hídrica e pioraram significativamente em seu rastro. Eles explicam que Flint é uma comunidade predominantemente negra de baixa renda. Antes da crise hídrica, os moradores enfrentavam muitos desafios, incluindo desvantagem econômica, racismo e alta exposição a eventos potencialmente traumáticos, incluindo agressão física ou sexual anterior.

Fonte: JAMA Network Open. DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2022.32556.