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08 de Janeiro de 2003 (Bibliomed). Uma experiência realizada em ratos, em que um ambiente estimulante parece reverter prejuízos mentais provocados pelo chumbo, poderia ter o mesmo efeito sobre as crianças. É o que indica um estudo coordenado pelo professor de neurotoxicologia do departamento de ciências de saúde ambiental, da Johns Hopkins University, Tomás Guilarte. Segundo ele, a exposição ao chumbo em ratos é equivalente ao verificado em crianças na cidade de Baltimore, onde foi realizada a experiência. “Nossa pesquisa oferece esperança para crianças expostas ao metal”, acredita.
No estudo, os pesquisadores misturaram 20 ratos envenenados pelo chumbo com outros 20 animais saudáveis e dividiram esse grupo em dois ambientes: uma gaiola com brinquedos e outros animais e uma gaiola vazia. Os pesquisadores treinaram os ratos para andar em um labirinto e encontrar uma plataforma na água. Comparando o tempo gasto pelos animais nos dois ambientes, o estudo mostrou que todos os ratos foram beneficiados no hábitat enriquecido, mas os ratos expostos ao chumbo obtiveram o maior índice de melhora.
Uma em cada 20 crianças norte-americanas apresenta níveis elevados de chumbo no sangue, principalmente derivado de tintas e da poeira que elas geram, que pode contaminar a casa e grudar nos brinquedos que os bebês colocam na boca. No Brasil, a exposição é maior através de cerâmicas, mineração, fábricas de baterias, artesanato e fundições. Segundo Guilarte, as intervenções educativas devem ser realizadas precocemente, mas as crianças que vivem em ambientes mais pobres, apesar de estarem mais propensas à exposição ao chumbo, recebem menos estímulo intelectual para superar a deficiência. Por isso, o pesquisador destacou a importância de programas governamentais, como o Head Start, que busca melhorar o desempenho escolar de crianças de baixa renda.
Para o professor do Environmental and Occupational Health Sciences Institute, Michael Gochfeld, o estudo é válido e oferece um argumento objetivo para a estimulação, mas ainda não está claro se os efeitos descritos pelos pesquisadores ocorreriam em crianças.
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