Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste Artigo:
- O Que é um Placebo?
- O que é efeito placebo?
- Em que consiste a
teoria de cura mente-corpo?
- Quando um Placebo é benéfico?
- Quando um Placebo Causa Danos?
- Qual o papel da expectativa de
cura?
A palavra placebo vem do latim e foi cunhada da Bíblia cristã, após vários erros de tradução. A palavra apareceu em primeiro lugar no salmo 116 e foi adquirindo uma conotação científica nos dicionários ao longo do tempo. Hoje, o placebo é, em primeiro lugar, definido como uma substância inerte ou inativa, a que se atribuem certas propriedades (como as de cura de uma doença) e que pode produzir um efeito que suas propriedades não garantem. Muitas pessoas que ingerem, por exemplo, uma pílula contendo nada mais que amido com açúcar, revelam melhoras de uma doença, imaginando ter tomado o remédio feito especialmente para tal doença.
Mas o placebo não existe apenas em forma de uma substância. Uma ‘cirurgia espiritual’, até que não se prove que ela genuinamente tenha acontecido, pode ser um placebo. A pessoa ‘operada’ sente o corte, sente a sutura e fica ‘curada’ do mal que a afligia, sem passar por uma cirurgia convencional.
Uma terapia também faz às vezes de um placebo, onde às técnicas dessa terapia se atribui um tipo de cura e isso realmente acontece. As chamadas terapias alternativas, como os florais, os cristais, a radiestesia e muitas vezes a própria psicoterapia ainda são consideradas por uma grande parte da ala científica como um placebo.
Mas o uso do placebo não está restrito à área científica ou à área das terapias alternativas. Nossas avós conheciam muito bem os seus efeitos, quando aplicavam suas ‘poções mágicas’, e até mesmo suas histórias na hora de dormir, e curavam as dores de seus filhos, um ensinamento popular que é passado de geração a geração, sem questionamentos. Também nessa categoria se encontram as orações, que promovem os chamados milagres e a conhecida ‘cura pela fé’, pelo menos enquanto para esses milagres e curas não se encontre uma comprovação, agem como um placebo.
E por fim, os próprios remédios, mesmo sendo fabricados com uma fórmula teoricamente capaz de combater determinada doença, podem, por erro de fórmula não curar determinada doença, mas tomados para esse fim, podem ainda assim agir como um placebo.
O efeito placebo é o resultado que se pode observar e mensurar, em uma pessoa ou em um grupo de pessoas, diante de um tratamento onde o placebo foi administrado. O que leva a esse efeito ainda não foi totalmente compreendido.
Alguns pesquisadores utilizam o procedimento chamado ‘duplo-cego’, em que normalmente existem dois grupos de pessoas, o grupo experimental e o grupo de controle. A um grupo, administra-se a droga ou o tratamento convencional. A outro grupo, aplica-se a droga ou o tratamento do tipo placebo. Em um estudo duplo-cego, o pesquisador não sabe qual grupo recebeu a droga indicada para o tratamento e qual grupo recebeu o placebo. Ele só vai saber quando tiver em mãos os resultados completos, para evitar que o avaliador incorra em distorções de observação e de mensuração durante o estudo.
Em que consiste a teoria de cura mente-corpo?
A teoria de cura mente-corpo, criada por Milton Erickson, pai da hipnoterapia moderna, e divulgada pelo mundo pelos médicos que foram seus discípulos, reconhece a existência de uma estreita conexão entre a mente, o cérebro e o corpo. A resposta placebo é uma pedra fundamental rejeitada na cura mente-corpo. As histórias de curas espontâneas ou consideradas ‘milagrosas’ são menosprezadas pela ciência, devido à nossa mente racional, como resultados não confiáveis. Para uma parte da ciência, que tem uma abordagem tradicional, o efeito placebo é simplesmente um "fator aborrecido".
A teoria de cura mente-corpo pressupõe que exista uma rede de informações que passa do ambiente à mente do indivíduo, deste para o cérebro e em seguida ao corpo, através do que ele chama de "moléculas mensageiras". Em princípio, a informação começa com os genes. As pesquisas de especialistas na área incluem o funcionamento do sistema nervoso central de forma detalhada e também o funcionamento do sistema límbico-hipotalâmico. Na teoria ericksoniana, existe uma lista considerável de doenças que se pode curar, conhecendo-se o mecanismo de comunicação psicofísico.
Um placebo pode ser especialmente benéfico nas situações seguintes:
1. O médico, por observação clínica, tem de início um pré-diagnóstico da possível doença do paciente, mas não deseja administrar uma droga química, devido aos efeitos colaterais indesejáveis, e então aplica um ‘remédio’ que na verdade não tem a função de curar aquela doença. O paciente toma e, acreditando estar tomando um remédio poderoso, fica livre da doença ou pelo menos dos sintomas.
2. O paciente deseja sinceramente se ver livre de alguma doença ou problema físico e não só deposita esperança no remédio que está tomando, mas também permite que o remédio faça efeito.
3. O indivíduo, mesmo sabendo que está tomando um placebo, ainda assim deseja se livrar do desconforto físico e o próprio indivíduo atribui qualidades de cura ao ‘remédio’ e permite também que esse faça o efeito.
4. A simples ida ao médico, o ritual da anamnese (coleta de dados) e da observação clínica, o toque da mão do médico na pessoa, a atenção, a roupa branca do médico, esse aparato, por si só, é passível de provocar o efeito placebo, quando o paciente manifesta melhoras, porque confia em seu médico.
5. Um placebo pode ser benéfico nos casos em que, ingerido em lugar de uma droga química, não provoca os efeitos colaterais que a droga provocaria. Existem pacientes que são sensíveis ou alérgicos a certos medicamentos, e o placebo, como uma substância inerte, não provoca efeitos colaterais.
6. Principalmente, um placebo é benéfico quando promove a cura, a melhora ou o alívio da doença.
7. Existem casos comprovados de melhora nas questões do stress e em pessoas com úlceras gástricas, verrugas, artrites e outras deficiências relacionadas ao sistema imunológico.
Quando um Placebo Causa Danos?
Existem riscos para o uso indiscriminado dos placebos, quando seu uso acaba evocando também a questão da ética. Questiona-se se, por um lado, o médico não deve enganar o indivíduo, e, por outro lado, não pode furtar-se em aliviar suas dores. Aqui, alguns exemplos dos efeitos não benéficos do placebo:
1. Quando o paciente toma um placebo e sente melhora dos sintomas, mas na realidade a doença continua avançando e pode ser fatal.
2. Quando, diante de uma droga química comprovadamente eficaz para determinada, o médico opta por um placebo.
3. Alguns pacientes apresentam efeitos colaterais mesmo com um placebo.
4. Na automedicação, quando um placebo é recomendado por um amigo ou comprado por conta própria na farmácia.
5. Quando a pessoa despende seu tempo, sua vida e suas economias com um tratamento tipo placebo que não é a melhor indicação para o seu caso.
6. O placebo não funciona para doenças mais sérias como o câncer, para a qual seria mais indicado o tratamento tradicional.
Qual o papel da expectativa de cura?
Especialistas afirmam que a expectativa positiva de cura, por parte de um paciente, é 50% do caminho para sua recuperação. Nesses casos, o organismo, entre outras coisas, libera endorfinas, que promovem o relaxamento do estado de ansiedade provocado pelo pânico de uma doença. A expectativa de cura é hoje muito mais reconhecida pelos médicos como um dos fatores benéficos decisivos, muito mais que 30 anos atrás.
Se ela realmente tem um papel fundamental no desempenho dos sistemas simpático, parassimpático e dos outros sistemas do organismo, a expectativa de cura pode ser considerada como uma espécie de ‘certificado de garantia’ para o funcionamento do corpo, no entendimento do médico. De acordo com a teoria ericksoniana, o lócus de cura está dentro do organismo do próprio indivíduo, bastando ver que algumas doenças, mesmo sem remédio, também se curam espontaneamente. Essa abordagem, ainda pouco conhecida na América Latina, utiliza vários recursos antes de desistir e entregar o paciente à própria sorte. E, em meio a esses recursos, a resposta placebo é uma delas.
Copyright © 2007 Bibliomed, Inc. 09 de julho de 2007
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