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Neste Artigo:
- Abandonar o Tabagismo, Uma Tarefa Difícil
- Recém-Nascidos com Baixo Peso ao
Nascer
- Parto Pré-Maturo
- O Papel do Aconselhamento
- Conclusão
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"O tabagismo tem sido considerado e comprovado como um grande fator de risco para
problemas durante a gravidez. Aproximadamente, 25% a 40% das mulheres fumantes que
engravidam tentam parar de fumar durante a gravidez. O texto que se segue refere-se a tais
questões, expondo resultados de estudos médicos com diferentes grupos de gestantes
acompanhadas durante e após a gravidez. A dificuldade em abandonar o vício. Uma luta que
necessita de acompanhamento médico e psicológico".
Abandonar o Tabagismo, Uma Tarefa
Difícil
Num estudo feito com gestantes da Nova Escócia desenvolvido pela Dra. Susan A.
Kirkland do Departamento de Saúde Pública e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de Halifax, acompanhou-se cerca de 8.500 mulheres durante a gravidez,
registrando-se a presença de tabagismo, quantidade de cigarros consumidos por dia e
época de utilização dos mesmos durante a gravidez. O objetivo do estudo foi documentar
o comportamento das mulheres em relação ao hábito juntamente com a gravidez.
Dentre todas as mulheres, 69% continuaram fumando durante a gravidez, 8,4% estavam fumando
na primeira consulta de pré-natal, mas pararam de fumar por volta da época do parto.
Cerca de 13% cessaram o hábito antes mesmo da primeira consulta de pré-natal e não
voltaram nem no final da gravidez. Entretanto, estima-se que cerca de 25% das mulheres
não relataram a verdade sobre seu hábito o que torna tal avaliação de difícil
controle. Cerca de 21% das fumantes conseguiram abstinência quando na época do parto o
que foi uma estimativa menor do que a esperada através dos números de abstinência antes
da primeira consulta.
Recém-Nascidos com Baixo Peso
ao Nascer
Um outro estudo realizado pelo Dr. Lieberman E. e colaboradores da Faculdade de Medicina
de Harvard, tentou demonstrar não só a associação do tabagismo com o baixo peso ao
nascimento, mas também em qual época da gravidez, essa exposição irá refletir com
maior gravidade no peso final do bebê.
Assim sendo, foram divididos vários grupos de gestantes de acordo com o hábito
tabágico: não fumantes; fumantes durante toda a gravidez; fumantes durante somente o
primeiro trimestre; fumantes durante o primeiro e segundo trimestres; fumantes durante os
segundo e terceiro trimestres ou fumantes somente no terceiro trimestre.
As mulheres que pararam de fumar antes do terceiro trimestre não tiveram o risco
aumentado de terem seus filhos com baixo peso ao nascimento quando comparadas com as
mulheres não fumantes. Aquelas mulheres que fumaram durante os segundo e/ou terceiro
trimestres tiveram um risco igual àquelas que fumaram durante toda a gravidez. Outro
fator de importância foi que o risco aumentou de acordo com o número de cigarros fumados
no terceiro trimestre. Assim sendo, é durante o terceiro trimestre, a fase onde o fumo
mais atua como fator de diminuição do desenvolvimento fetal. Isso possibilita uma ampla
abordagem a nível de acompanhamento pré-natal no intuito de se tentar a abstinência
pelo menos no último trimestre. Mesmo assim, os programas não podem se restringir ao
aconselhamento sobre a abstinência somente nessa fase da gravidez.
Parto Pré-Maturo
Outro efeito importante do cigarro na gravidez é o aumento do risco de parto antes da
hora, ou seja, o bebê nasce sem estar ainda completamente desenvolvido, o que pode levar
a graves complicações, principalmente respiratórias.
Um estudo realizado pelo Dr. Mainous AG e colaboradores, da Universidade de Kentucky -
EUA, observou a influência do cigarro no parto pré-maturo. O objetivo foi a
verificação de diferentes momentos de abstinência durante a gestação e a incidência
de partos pré-termo. O estudo avaliou quase 5.000 mulheres. Os aspectos avaliados foram
às características do hábito tabágico, o índice de partos pré-termo e baixo peso ao
nascimento. As mulheres que não fumaram durante a gravidez tiveram um risco baixo de
evoluir com um trabalho de parto prematuro ou um recém-nascido com baixo peso ao nascer
(risco de 5,9% contra 8,2%).
Uma associação significante ocorreu entre as fumantes e os riscos citados. Quando
comparadas as gestantes que fumaram somente no primeiro trimestre com aquelas que fumaram
durante toda a gravidez, as primeiras tiveram um menor risco de baixo peso ao nascer e
parto pré-termo (7% contra 9%). Por isso, novamente foi demonstrado a melhora dos
padrões de complicações gestacionais naquelas mulheres que deixam o cigarro ainda no
primeiro trimestre de gestação.
O Papel do Aconselhamento
Uma intervenção comportamental através de um aconselhamento pré-natal
demonstrou ser essa uma boa ferramenta na diminuição do índice de tabagismo em
gestantes em um estudo realizado pelo Dr. Mullen PD e colaboradores, da Escola de Saúde
Pública da Universidade do Texas - EUA. De acordo com esse programa realizado, as
gestantes devem ter um acompanhamento personalizado para que informações e conselhos
possam ser dados dentro de uma relação de confiança e troca mútua. A comparação de
diversos programas desse tipo demonstrou um ótimo aproveitamento, com um índice de
abstinência de 70% na população submetida aos programas.
Conclusão
Mais uma vez, está demonstrada a imensa importância do acompanhamento
pré-natal. Já fundamentado há vários anos e cada vez mais rico em exames preventivos,
esse acompanhamento é a única forma segura de se garantir uma gravidez mais saudável e
praticamente isenta de complicações tão trágicas como a morte fetal, a perda do útero
e até o óbito materno.
Além dos aspectos biológicos envolvidos como a prevenção de infecções, diabetes
gestacional, hipertensão gestacional, dentre outras, a consulta de pré-natal é antes de
tudo, um espaço para que a gestante possa expor suas dúvidas, suas angústias, medos,
desejos e fantasias que tantas vezes podem levar a quadros de ansiedade e depressão,
facilmente acalmados com uma orientação e um esclarecimento de um profissional
capacitado para tal. Muitas vezes, o cigarro pode estar justamente sendo utilizado com o
intuito de diminuir tais ansiedades. Um bom aconselhamento, que pode ser feito ao longo de
toda gravidez, pode dessa forma, diminuir também mais esse importante fator de risco,
visto que a abstinência do cigarro no terceiro trimestre já pode ser, de alguma forma,
considerada como uma vitória, naquelas pacientes que têm um vício muito difícil de ser
tratado.
Fonte: CMAJ 2000;163(3):281-2
Copyright © 2000 eHealth Latin America 30 de Agosto de 2000
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