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Montanha russa pode causar coágulos sangüíneos no cérebro

NEW YORK – As montanhas russas são projetadas para impressionar e apavorar através da ilusão de perigo. Mas médicos do Japão estão avisando que algumas montanhas russas podem ser realmente perigosas após receberem o quarto relato de pessoa que desenvolveu coágulos no cérebro após andar em uma montanha russa alta e de alta velocidade.

"Apesar de que é raro que pessoas desenvolvam hematomas subdurais (coágulos sangüíneos na superfície do cérebro) após andar de montanha russa, isto pode acontecer," disse em uma conferência o Dr. Toshio Fukutake da Escola de Medicina da Universidade de Chiba no Japão, o líder dos autores do estudo.

"Montanhas russas gigantes, que são mais altas e mais rápidas do que montanhas russas tradicionais, podem ser mais perigosas," acrescenta Fukutake. "Empresários destes parques de diversão e pessoas que se divertem neles devem estar avisadas dos seus riscos potenciais para a saúde."

Fukutake e colaboradores descreveram o caso mais recente na edição de 11 de janeiro da revista Neurology, publicado pela Academia Americana de Neurologia. Uma mulher japonesa saudável de 24 anos de idade desenvolveu hematomas subdurais após andar em três montanhas russas diferentes duas vezes em cada em um parque de diversão japonês. Uma destas, a Fujiyama, é tida como a montanha russa mais alta e mais rápida do mundo, com altura de 259 pés e velocidade de 81 milhas por hora.

Os hematomas subdurais ocorrem quando vasos sangüíneos próximos à superfície do cérebro se rompem, derramando sangue entre o cérebro e suas membranas protetoras. A pressão deste sangramento no cérebro pode levar a sintomas como dor de cabeça, vômitos, confusão e dificuldade de movimentação. Trauma, como uma lesão na cabeça, é uma causa comum de hematomas subdurais, mas eles também podem ocorrer sem trauma aparente, como após um acesso de espirros, tosse, ou esforço para levantar peso.

Os autores notam que a mulher, que se apresentou com dor de cabeça, não relatou que tivesse batido com a cabeça durante qualquer passeio de montanha russa. Os médicos primeiro prescreveram relaxantes musculares para alívio da dor de cabeça. A dor persistiu, contudo, e dois meses mais tarde, um exame por ressonância magnética da cabeça mostrou que ela apresentava hematoras subdurais. A cirurgia foi realizada e a mulher se recuperou.

"Os hematomas subdurais da mulher e a dor de cabeça resultante podem ter sido causados pela movimentação para frente-para trás e para cima-para baixo da montanha russa ou pela força de aceleração que pode ter sido forte o suficiente para romper as veias na superfície de seu cérebro," explicou Fukutake na notícia liberada.

Em outros casos, três homens desenvolveram coágulos sangüíneos no cérebro após passear de montanha russa. A cirurgia cerebral foi necessária para aliviar a pressão dos coágulos sobre o cérebro em dois dos homens e um deles, um homem de 73 anos de idade, morreu do hematoma subdural.

Em todos os quatro casos, os pesquisadores afastaram outras condições, como pancada na cabeça, esforço para levantar pesos ou um tumor cerebral como causas dos coágulos. Todos os pacientes haviam passeado de montanha russa recentemente e os pesquisadores acreditam que estes passeios podem ter causado estes hematomas.

Os autores notam que os hematomas subdurais são muito raros em mulheres jovens e saudáveis, e recomenda que os projetistas e construtores de montanhas russas estejam alertas para os riscos de que estas causem hematomas subdurais em passageiros predispostos.

FONTE: Neurology 2000;54:264.
Publicado em Bibliomed Saúde em 17/01/2000

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