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Mini-transplantes podem reverter a doença falciforme, aponta estudo

10 de dezembro de 2009 (Bibliomed). Uma forma mais suave de transplante de células-tronco pode reverter doença falciforme em adultos que conseguem encontrar um doador compatível, segundo estudo publicado esta semana no New England Journal of Medicine. Doença genética mais comum no Brasil, a doença falciforme é distúrbio no qual as hemácias podem ficar em formato de foice, prejudicando sua passagem pelos vasos sanguíneos e dificultando o transporte de oxigênio, causando crises de dor, entre outras sérias complicações.

De acordo com os autores do novo estudo, transplantes de células-tronco já reverteram a doença em cerca de 200 crianças. Porém o procedimento – que exige a destruição das células "defeituosas" por radioterapia ou quimioterapia – seria muito intenso para adultos enfraquecidos pela doença falciforme, além de os adultos serem mais propensos a apresentarem doença do enxerto contra o hospedeiro – um tipo de rejeição às novas células transplantadas.

Por outro lado, estudos recentes mostram que, em alguns casos, algumas células sobrevivem ao regime tóxico da radiação e das drogas e conseguem conviver pacificamente com as células transplantadas. Baseados nisso, pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos usaram uma dose bem menor de radiação para "criar espaço" para as novas células, e usaram a droga sirolimus para prevenir essas complicações.

Em cinco anos, os pesquisadores encontraram doadores de células-tronco para 24 dos 112 pacientes incluídos na pesquisa, dos quais 10 foram submetidos ao tratamento com "mini-transplante". E desses pacientes, nove tiveram reversão da doença, sem mortes e sem sofrerem a doença do enxerto contra o hospedeiro. "A simplicidade, a baixa toxidade e a alta eficácia dessa abordagem faz com que ela seja viável para uso na maioria dos centros de transplante", concluíram os pesquisadores.

Porém, ainda não está claro se será possível livrar os pacientes do tratamento de imunossupressão, que os coloca em risco de sérias infecções. "Se a terapia imunossupressora puder ser retirada com segurança, esse regime poderia se tornar uma opção para pacientes jovens e assintomáticos com doença falciforme", destacou o pesquisador Miguel R. Abboud, da Universidade Americana de Beirute, no Líbano. Mas os especialistas destacam que a técnica poderia ser utilizada apenas sobre pacientes que possuem um irmão que possa doar células-tronco compatíveis com o paciente.

Fonte: New England Journal of Medicine. 10 de dezembro de 2009.

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