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Bloqueadores de Cálcio Atuam Apenas na Hipertensão

Por Nancy Deutsch

NOVA YORK (Reuters Health) - Bloqueadores dos canais de cálcio (CCBs) de ação prolongada usados para tratar pressão sanguínea alta só servem para essa função. Eles não reduzem o risco de outros problemas cardíacos, afirmaram pesquisadores norte-americanos na terça-feira durante o Encontro da Sociedade Européia de Cardiologia em Amsterdã, na Holanda.

Isso faz com que as drogas sejam inferiores a outras medicações para baixar a pressão sanguínea que existem há mais tempo, de acordo com um dos autores do estudo, Michael H. Alderman, da Escola de Medicina Albert Einstein, em Nova York.

"Não que eles sejam prejudiciais, mas eles são inferiores a outras drogas", disse Alderman. "Não existe diferença entre CCBs e outras drogas no que se refere à redução da pressão sanguínea."

Reduzir somente a pressão sanguínea significa pouco se as drogas não diminuem o risco de problemas cardíacos associados à pressão alta, afirmou Alderman.

"A questão é se importa ou não a maneira como você diminui a pressão sanguínea" e este estudo indica que isso é relevante, acrescentou Alderman,

Outras drogas para diminuir a pressão sanguínea podem reduzir a aterosclerose (o acúmulo de plaquetas nas artérias), afirmou Alderman. Isso resulta em pressão sanguínea mais baixa e, simultaneamente, reduz a incidência de problemas cardíacos como enfarte, explicou o pesquisador.

Os cientistas analisaram nove ensaios clínicos que incluíam mais de 27.000 pacientes. Eles descobriram que, em pacientes tratados com CCBs, o risco de enfarte era 27 por cento maior do que em pacientes tratados com outras medicações para baixar a pressão sanguínea.

As descobertas indicam que entre os usuários de CCBs o risco de insuficiência cardíaca era 26 por cento maior e o risco de qualquer evento cardiovascular mais grave era 11 por cento superior ao risco associado ao uso de outras drogas para diminuir a pressão sanguínea.

Alderman explicou que o estudo não verificou que pacientes tomando CCBs sofreram mais derrames ou morreram com maior frequência, provavelmente porque os estudos tiveram curta duração. O estudo mais longo incluído em sua análise tinha duração de 5 anos.

Alderman acrescentou que todos os bloqueadores dos canais de cálcio incluídos no estudo apresentaram resultados similares. Ele destacou que, embora estes CCBs tenham sido introduzidos na década passada e tenham efeito mais prolongado do que outros medicamentos anti-hipertensivos, eles também são significativamente mais caros.

Os diuréticos, chamados de "pílulas de água", uma classe de drogas mais antiga usada para reduzir a pressão sanguínea, custam 15 vezes menos do que os CCBs. "As outras drogas são mais baratas, mas muito superiores", disse o pesquisador.

Alderman acredita que, como resultado destas descobertas, os CCBs ainda devem ser usados em conjunto com outras drogas para reduzir a pressão sanguínea, entretanto, "meu senso é que o CCB é uma droga de último recurso".

O pesquisador concluiu que os resultados reforçam, portanto, "que não é só diminuir a pressão sanguínea que importa". Alderman sugeriu que as pessoas que tomam CCBs consultem seus médicos.

Sinopse preparada por Reuters Health

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