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Pesquisadores americanos estudam "síndrome da compulsão"

30 de Janeiro de 2003 (Bibliomed). Psiquiatras americanos estão desenvolvendo um estudo, que será publicado no Manual de Diagnósticos e Estatísticas de Distúrbios Mentais - o guia dos médicos americanos, para descobrir se a compulsão por compras deve ser classificada como uma doença mental determinada geneticamente ou uma doença fabricada. Segundo os pesquisadores, um em cada doze americanos corre o risco de manifestar a síndrome.

No estudo, psicólogos da Universidade de Stanford, em São Francisco, analisaram o comportamento de 24 voluntários, que contraíram dívidas no valor médio de US$ 50 mil. Os participantes contaram que sentiam dores de cabeça se não fizessem compras todos os dias e, muitas vezes, esqueciam de ter adquirido determinado produto – geralmente, lingerie e equipamentos elétricos. Os voluntários tomaram o remédio Celexa, que eleva os níveis de serotonina no cérebro e estabiliza o humor. Os resultados iniciais mostraram que dois terços dos consumidores compulsivos conseguiram visitar um shopping center sem fazer compras.

O resultado da pesquisa reforçou a tese defendida por alguns médicos de que a “síndrome da compulsão” faz parte das doenças conhecidas como comportamento obsessivo-compulsivo, em que as pessoas não conseguem parar de agir por impulso. “Se você passa mais de uma hora por dia em lojas, comprando coisas das quais não necessita, então talvez tenha um problema”, disse o especialista Eric Hollander, da Mount Sinai School of Medicine, de Nova York. Entre as doenças correspondentes, que podem estar relacionadas a baixos níveis de serotonina química no cérebro, estão a compulsão pelo jogo e a piromania – uma tendência a provocar incêndios.

Mas, nem todos os psiquiatras concordam com o estudo. Para a psicóloga Paula Caplan, da Brown University, em Rhode Island, está ocorrendo um aumento absurdo no número de rótulos de supostas doenças mentais. “É melhor perguntar: será que eles estão descobrindo problemas reais ou estão inventando esses problemas? E quem se beneficia disso? As companhias farmacêuticas que estão em busca de novos mercados para velhos medicamentos”, concluiu.

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