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Mercúrio ameaça mangue de Cubatão

03 de Setembro de 2002 (Bibliomed). A fauna, a flora, a agricultura e as pessoas que tiram seu sustento do manguezal de Cubatão, em São Paulo, podem estar correndo risco. A análise da água e do solo da região do mangue, que fica no meio do pólo industrial da cidade e próxima a área urbana, registrou uma concentração de mercúrio muito acima dos níveis permitidos pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

O alerta foi feito por Luciana Maria Ferrer, em sua dissertação de mestrado “Fixação e mobilidade de espécies de mercúrio no sistema sedimento/água do mangue do município de Cubatão/SP”, orientada pelo professor Raphael Hypolito, do Instituto de Geociências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP).

Entre 1998 e 2000, a pesquisadora coletou amostras da água dos rios Cubatão e Mogi, que percorrem o mangue de Cubatão, e de poços perfurados especialmente para o estudo, além de lodo e sedimentos. O trabalho de análise foi efetuado no Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas, do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental do IGc. Foram encontradas concentrações de 0,01 e acima de 0,06 partes por milhão.

Nas amostras de água, o nível de mercúrio estava abaixo do limite máximo, mas, segundo a pesquisadora, as características do mangue aumentam o risco de contaminação. "O solo é argiloso, aumentando a retenção de mercúrio. Como há muita matéria orgânica, o elemento sofre reações químicas e transforma-se em substâncias ainda mais nocivas, que são levadas pela água", explicou.

As indústrias petroquímicas, instaladas na cidade há cerca de 40 anos, são a principal fonte do mercúrio encontrado em Cubatão. O mercúrio chegaria ao manguezal através dos esgotos lançados nos rios ou pelo ar. Luciana explicou, ainda, que a evaporação natural da substância é dificultada pela Serra do Mar, que forma uma barreira natural, que condensa o elemento e faz com que ele permaneça no ambiente.

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