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Dietas reforçadas em proteínas causam desidratação

17 de Maio de 2002 (Bibliomed). Sabe aquela dieta específica para atletas, que instrutores de academias costumam recomendar, com muita proteína proveniente de carne e ovos? E aqueles suplementos, tão “recomendados” para halterofilistas, fisiculturistas e praticantes de esportes pesados, à base de proteínas e aminoácidos, com modelos de corpo perfeito nas embalagens? E aquela dieta para perda rápida de peso, baseada no consumo quase exclusivo de proteínas como carne, bacon, ovos e outros alimentos ricos em proteínas, sem carboidratos como batata, massa, arroz, vegetais e frutas? Pois é. Pesquisadores dizem que este tipo de dieta é capaz de causar desidratação, mesmo em pessoas com excelente condicionamento físico e ótima saúde.

As proteínas são substâncias compostas de aminoácidos, essenciais para a construção de músculos, pele, cabelos, unhas e outros. Podem ser utilizadas como fonte de energia no organismo, na falta de outra fonte mais fácil como os carboidratos ou gorduras. Quando utilizadas como fonte de calorias, a energia que o organismo gasta para quebrá-las é mais alta do que a energia gasta para quebrar os carboidratos e as gorduras, o que, em teoria, as tornaria mais “vantajosas” para quem quer perder peso. Pessoas que praticam esportes pesados, com o objetivo de aumentar massa muscular, costumam procurar dietas com excesso de proteínas na expectativa de que esta proteína extra auxilie no modelamento dos músculos e facilite o ganho de musculatura.

Porém, a digestão das proteínas para geração de energia gera subprodutos tóxicos que precisam ser eliminados do organismo. Esta eliminação é feita pelos rins, e consome muita água. Para tentar determinar se este tipo de dieta causa algum prejuízo para o organismo, pesquisadores liderados pelo estudante de graduação William Forrest Martin, da Universidade de Connecticut verificaram a influência deste tipo de dieta sobre a hidratação do organismo, que é a capacidade de reter e distribuir água de forma saudável entre os órgãos e tecidos do corpo. Eles tomaram cinco atletas praticantes de maratonas, com excelente condicionamento físico, e os instruíram a consumir três tipos de dieta – com baixa, média e alta carga de proteínas – durante três períodos consecutivos de quatro semanas. Durante cada período foram colhidas amostras de sangue para verificação de parâmetros de saúde.

Os pesquisadores verificaram que, durante o período sob alta ingestão de proteínas, os atletas apresentaram tendência à baixa hidratação e desidratação, e que esta dieta elevou a carga sob a qual os rins trabalham.

As proteínas, ao serem digeridas, geram compostos tóxicos contendo nitrogênio, este nitrogênio é excretado em forma de uréia pelos rins. Esta excreção dispara um excesso de diurese (produção de urina) que leva rapidamente a um estado de baixa hidratação, mesmo na ausência de sintomas.

Na verdade, os atletas que participaram do estudo não sentiram aumento na sede durante a dieta com alto teor de proteínas em comparação com os períodos com menos proteínas, nem mesmo quando o teor de água no organismo caiu abaixo dos níveis saudáveis.

Baseado nos resultados do estudo, os pesquisadores recomendam que as pessoas evitem ingerir alta percentagem das calorias diárias sob forma de alimentos ricos em proteínas como ovos, carne e outros. Mas, se a pessoa optar por ingerir uma carga aumentada de proteínas, maior que 1,8 gramas por quilo de peso por dia, esta pessoa deverá aumentar a ingestão de líquidos para proteção contra a desidratação.

A Associação Médica Americana, em relação às dietas ricas em proteínas com o objetivo de perda de peso, já havia emitido um parecer dizendo que “não existem evidências científicas” de que o consumo excessivo de proteínas leve a uma redução de peso a longo prazo, além de colocar o indivíduo sob risco de sintomas como fadiga e vertigens.

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