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30 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Os riscos de desenvolver trombose venosa profunda (TVP) e sua principal complicação precoce, a embolia pulmonar, durante vôos de longa distância podem ser minimizados com algumas medidas de prevenção durante a viagem, de acordo com Ciryllo Cavalhero Filho, chefe do Serviço de Hemostasia e Trombose do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo.
"Andar e se exercitar a cada três horas e tomar bastante líquido, evitando bebidas alcóolicas, são algumas das orientações para prevenir a síndrome da classe econômica", disse Cavalhero Filho à Reuters.
"É importante não ficar estático por muito tempo, caminhando e mexendo as pernas", reforçou Jackson Caiafa, da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), que está lançando um guia de esclarecimento sobre TVP em parceria Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial (SBMA), com o apoio da Aventis Pharma.
De acordo com Caiafa, é importante ainda a utilização de roupas confortáveis e mais largas durante a viagem e evitar comprimidos para dormir, que aumentam a imobilidade e o relaxamento muscular, e cigarro.
"As recomendações mais ativas vão depender de uma orientação médica", disse Caiafa.
FATORES GENÉTICOS SÃO IMPORTANTES
Cavalhero Filho explicou que viagens aéreas prolongadas podem desencadear o aparecimento da TVP devido a fatores como diminuição da umidade dentro da aeronave e ingestão de álcool, que causam desidratação e aumentam a concentração do sangue, além do repouso e possível uso de tranquilizantes durante o vôo.
De acordo com Caiafa, certas condições predispõem a formação de coágulos no interior das veias das pernas, como obesidade, idade mais avançada, presença de varizes grossas nas pernas, fase final da gestação e pós-parto, uso de anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal, entre outros.
"Além disso, os fatores genéticos são muito importantes para se determinar as chances de uma pessoa desenvolver o problema", destacou Cavalhero Filho, acrescentando que, provavelmente, o caso da britânica Emma Christoffersen, de 28 anos, que morreu poucos minutos depois de uma viagem de 20 horas em outubro, está relacionado a fatores genéticos.
Cavalhero Filho ressaltou que ainda existem pontos obscuros na relação causal entre viagens aéreas e TVP e que também deve se dar atenção a viagens de ônibus e trem.
"É necessário um dado fidedigno que estabeleça essa relação", afirmou o médico. "É importante que se desmistifique o tema, mostrando que os estimados 20 mil casos da síndrome da classe econômica no mundo ao ano não representam sua prevalência na população geral", disse o médico.
De acordo com Cavalhero Filho, em breve, o Incor realizará, em conjunto com a Varig, um estudo sobre a trombose venosa profunda entre os passageiros.
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