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Pesquisadores conseguem regenerar células nervosas em laboratório

18 de Abril de 2002 (Bibliomed). O axioma de que células nervosas, ou neurônios, não podem se reproduzir nem se regenerar está sendo cada vez mais enfraquecido, à medida que se compreende mais e mais a função e fisiologia destas células complexas e tão importantes para as funções do organismo. Várias tentativas vêm sendo feitas com o objetivo de se compreender e estimular a regeneração de células nervosas, e agora pesquisadores conseguiram obter regeneração nervosa em células cerebrais de cobaias. Espera-se que algum dia possa ser possível o tratamento de lesões da medula espinhal, esclerose múltipla e outras condições neurológicas, que hoje não têm tratamento objetivo.

Os pesquisadores dizem ter encontrado uma das chaves do processo de regeneração dos nervos, e que esta chave poderá ser utilizada no futuro no desenvolvimento de novas técnicas de regeneração nervosa.

Quanto mais especializada uma célula, mais difícil é sua regeneração e sua reprodução. As células nervosas são consideradas as células mais especializadas do corpo, e são capazes de funcionar como dispositivos eletrônicos, gerando, enviando e interpretando sinais elétricos. A rede de neurônios é altamente especializada, sendo responsável por toda a transmissão de estímulos e informações no organismo. Acreditou-se, durante muito tempo, que uma vez que um destes circuitos fosse danificado não haveria nada que se pudesse fazer para restaurá-lo. Esta crença tem sido enfraquecida cada vez mais, à medida que se compreende a forma pela qual estes circuitos funcionam e por que é tão difícil refazê-los.

As células nervosas, assim como circuitos e fios elétricos, apresentam um isolamento que impede que os impulsos elétricos “vazem” de forma descontrolada da célula. Este isolamento é feito por uma estrutura chamada bainha de mielina, que funciona a grosso modo como a bainha de borracha que isola os fios elétricos uns dos outros. Esta bainha é perdida em algumas doenças como esclerose múltipla e síndrome de Guillain Barré.

Além de suas funções de isolamento, esta bainha também parece controlar o crescimento das células nervosas, de forma a impedir um crescimento desordenado. Porém, este bloqueio se torna indesejável após uma lesão celular, já que impede que o trajeto nervoso seja refeito e funciona como um freio de mão para o nervo. Nestes casos, esta bainha tão necessária se tornaria prejudicial à restauração da função normal do nervo lesado.

Os pesquisadores identificaram, em seus estudos, quatro substâncias químicas capazes de corrigir esta mensagem equivocada proveniente da mielina e capazes de restaurar a capacidade regenerativa dos nervos. Porém, até agora os resultados só foram observados em laboratório, em células cultivadas artificialmente.

Os pesquisadores afirmam que estes experimentos de laboratório, por ora, não poderão ajudar os indivíduos que sofreram lesões, como lesões da medula espinhal. As condições do experimento são muito limitadas ainda, já que no organismo vivo as coisas raramente acontecem da mesma forma que no laboratório. O que os pesquisadores esperam com estes experimentos é aumentar cada vez mais a compreensão da forma pela qual os neurônios funcionam, o que os ajuda a funcionar melhor, o que os atrapalha, como poderiam se regenerar, entre outras coisas. Este conhecimento acumulado é que poderá, a longo prazo, permitir o desenvolvimento de tipos de tratamento capazes de auxiliar na reconstrução desta extensa rede de informações que é nosso sistema nervoso em caso de lesões.

Os pesquisadores estão continuando os estudos em animais vivos, tentando ver se os resultados obtidos no laboratório podem se repetir em sistemas vivos. Ainda não estão disponíveis dados provenientes destes estudos.

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