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Descoberto mais um benefício da amamentação ao seio

03 de Abril de 2002 (Bibliomed). O aleitamento materno é a melhor opção para alimentação de crianças até os seis meses de vida. Raras são as contra-indicações à amamentação, incluindo mães portadoras do vírus HIV e uso de alguns medicamentos.

Sabe-se que a amamentação natural previne infecções, melhora a relação mãe-filho, auxilia no desenvolvimento buco-nasal das crianças, é completa em termos de nutrientes e é tudo o que o bebê precisa nos primeiros seis meses de vida. Vem sempre na temperatura ideal, não precisa de preparo algum, não custa nada e é um direito da mãe e da criança. Como dispensa a mamadeira, reduz a incidência de diarréia, que causa desidratação e pode até matar.

Agora um estudo mostra que crianças nascidas a termo (com 9 meses de gestação) com baixo peso – abaixo de 2.700g – que recebem leite materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida desenvolvem mais sua inteligência, atingindo melhor pontuação nos testes de QI quando atingem 5 anos de idade, do que crianças que recebem alimentação mista – fórmulas infantis e alimentos sólidos juntamente com o leite materno durante este período.

Havia uma controvérsia sobre se o leite materno melhorava o desenvolvimento mental das crianças. Além disto, acreditava-se que crianças nascidas com baixo peso cresciam mais rápido se recebessem complementação alimentar com fórmulas e alimentos sólidos mais precocemente. Este estudo não confirma esta idéia.

O estudo foi conduzido na Noruega, onde as mães que trabalham podem ficar até 12 meses de licença após o parto, recebendo salário praticamente integral. Isto faz com que elas tendam a amamentar suas crianças por mais tempo.

Recomenda-se que os bebês sejam amamentados exclusivamente ao seio até os 6 meses de idade, quando se inicia a complementação com alimentos semi-sólidos e sólidos. A amamentação deve então continuar pelo menos até o primeiro ano de vida.

Os pesquisadores examinaram 220 crianças nascidas com 37 semanas ou mais de gestação que pesavam menos de 2.700g e 229 crianças que pesavam pelo menos 2.700g. Os exames foram feitos quando as crianças tinham seis semanas de vida, 3, 6, 9 e 13 meses de vida. No último exame as crianças fizeram um teste para medir as habilidades motoras e mentais e, aos cinco anos de idade, realizaram um teste de inteligência padronizado na Noruega.

Bebês pequenos foram mais propensos a receber suplementação alimentar mais cedo do que bebês maiores, talvez pelo medo de que o aleitamento materno não seria capaz de suprir suas necessidades de recuperação de peso. Contudo, não houve diferenças entre o crescimento dos que recebiam e não recebiam complementação. Na verdade, bebês menores que recebiam amamentação exclusiva por 12 semanas fizeram mais pontos no teste feito aos 13 meses de idade. Quanto mais tempo a amamentação exclusiva durava, melhor o desempenho das crianças neste teste.

A diferença mais significativa foi encontrada entre bebês de baixo peso alimentados ao seio por seis meses que realizaram testes de QI aos cinco anos de idade. Todas as crianças amamentadas ao seio exclusivamente se saíram melhor neste teste de QI aos cinco anos, mas a diferença entre amamentados e não amamentados foi maior em crianças que nasceram com baixo peso. As diferenças foram maiores nas pontuações alcançadas na solução de problemas não-verbais do que no QI verbal.

Este estudo demonstra que a amamentação influencia o desenvolvimento da inteligência das crianças, principalmente se elas nasceram com baixo peso. A idéia de que o leite materno seria “fraco” para possibilitar o crescimento mais acelerado destes bebês que nasceram pequenos, além de falsa, é prejudicial ao desenvolvimento a longo prazo das crianças. Além deste estudo, outros já demonstraram este fato em crianças nascidas com peso normal.

Nos Estados Unidos, apenas 16% das mulheres amamentam seus filhos exclusivamente ao seio por seis meses. No Brasil, a proporção pode ser ainda menor, mas têm sido feitos trabalhos educativos em prol do estímulo desta prática altamente saudável para a mãe e para o filho. Cada vez mais fica claro que o leite materno é o alimento perfeito para crianças até os seis meses de idade, e estes estudos nos ajudam a confirmar o que a natureza levou milhões de anos para desenvolver: o leite da mãe é o melhor para o desenvolvimento de seu filho.

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