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Tratamentos alternativos à cirurgia em caso de gravidez tubária são adotados por hospitais universitários

02 de Abril de 2002 (Bibliomed). Centro de referência mundial em cirurgias de retirada de tuba uterina, o Hospital São Paulo da Escola Paulista de Medicina da Unifesp tem adotado métodos alternativos no tratamento de gravidez tubária que amenizam o risco da infertilidade, freqüente em aproximadamente metade dos casos após a intervenção cirúrgica.

Pesquisas na Unifesp apontam que, em muitos casos, o tratamento clínico ou a simples observação podem substituir a cirurgia, realizada para interromper a gravidez ectópica (fora do útero), uma das maiores ameaças à vida de gestantes.

No Hospital São Paulo, de 200 casos de gravidez ectópica tratados nos últimos anos foi possível adotar métodos não-cirúrgicos em 140. O índice de sucesso foi próximo a 96%. Os professores Julio Elito Júnior e Luiz Camano conduzem as pesquisas que a disciplina de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina realiza nessa área.

O tratamento clínico, segundo os professores, é realizado com a aplicação de uma dose intramuscular de um quimioterápico. Das 50 pacientes submetidas à droga, cerca de 80% tiveram êxito. Outras seis mulheres que tinham condições para receber a substância optaram pela cirurgia. Os médicos e professores dizem ser necessário adotar critérios rigorosos para definir o tratamento. Há casos em que a cirurgia é a única opção. A decisão depende do momento do diagnóstico. Quanto mais cedo é diagnosticado o problema melhor. É preciso também avaliar o potencial da terapia para cada paciente. A substância quimioterápica, em determinados casos, tem a capacidade de fazer o organismo reabsorver o ovo (anterior à formação do embrião) e preservar a tuba.

A gestação ectópica atinge cerca de 1% das mulheres que engravidam e é a causa mais comum de morte materna nos três primeiros meses de gestação. Na maioria das vezes, o feto se instala na tuba uterina, canal intermediário entre o útero e o ovário. O local é impróprio para o desenvolvimento do feto. Por ser fino e frágil, o tecido da tuba é destruído pela placenta. O resultado é uma hemorragia interna, originada do rompimento da estrutura tubária por volta da sétima ou oitava semana de gestação.

Pacientes que já tiveram gravidez ectópica, ou possuem seqüelas de doença sexualmente transmissível ou utilizam dispositivo intra-uterino e têm atraso menstrual fazem parte do grupo de risco. Sinais de alerta são: desconforto, dor e um leve sangramento. Esses sintomas em geral são ignorados por algumas gestantes.

O exame clínico pode ou não detectar o problema. Testes auxiliares são utilizados, tais como exame de hormônio betaHCG e ultra-som transvaginal. Além de continuar estudando possíveis opções substitutivas à intervenção cirúrgica, a Unifesp pretende desenvolver um exame sangüíneo específico que indique a instalação inadequada do ovo fora do útero.

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