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Governo intensifica ações de combate à dengue

Belo Horizonte, 23 de Janeiro de 2002 (Bibliomed). O período de chuvas e de calor, além da ameaça de um tipo 3 do vírus da dengue, está mobilizando os governos federal e estaduais para o combate à doença. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão executivo do Ministério da Saúde, vai capacitar no próximo dia 25 cerca de 89 mil agentes de saúde que trabalham em 657 municípios brasileiros com maior incidência da doença.

Os 89 mil profissionais fazem parte do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) e do Programa de Saúde da Família (PSF) da Secretaria Nacional de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde.

Nestes 657 municípios de 25 estados está sendo desenvolvido o Plano de Intensificação das Ações de Controle do Dengue (PIACD), programa que quer reduzir pela metade o número de casos. Cartilhas, CD-ROM, orientações gerais e uma teleconferência serão usados no treinamento dos agentes.

O PIACD foi lançado em 2001 e prevê o investimento de R$ 475 milhões até o fim deste ano. Parte do dinheiro será repassada diretamente para estados e municípios para as ações de epidemiologia e controle. Além da redução de casos, o Plano quer reduzir as mortes por febre hemorrágica a menos de 1% até o fim de 2002 e diminuir a infestação predial pelo mosquito.

Os municípios contemplados pelo PIACD têm altos índices de infestação pelo Aedes aegypti e grande número de casos registrados nos últimos dois anos. A maior parte das cidades tem população igual ou superior a 50 mil habitantes. Uma das estratégias do Plano é o de garantir o diagnóstico laboratorial mais rápido dos casos de dengue.

No ano passado, o Brasil teve 370 mil casos de dengue registrados. Apenas na região Nordeste, foram mais de 149 mil casos, grande parte deles no Ceará. No Sudeste, foram 148 mil casos, sendo que a maior parte estava concentrada no Rio de Janeiro. Na região Norte, foram 44 mil casos, e na região Centro-Oeste, 24 mil. O Sul do Brasil foi a área com menor número de casos: pouco mais de 3,7 mil.

Também como parte das ações de combate à doença, o Ministério da Saúde entregou 373 veículos, além de outros equipamentos, para as áreas consideradas de maior risco do Rio de Janeiro. Neste estado, 45 municípios onde estão concentrados 90% dos casos receberam atenção especial do PIACD. O total de recursos destinados ao controle da doença no Rio de Janeiro, nesta etapa, é de R$ 6,68 milhões.

No Estado, serão treinados 6,6 mil agentes. Em 2001, o Estado registrou mais de 67 mil casos da doença, com 424 ocorrências hemorrágicas e 13 óbitos. Apenas nos primeiros 10 dias de janeiro deste ano, a capital já registrou 200 casos de dengue.

A situação de risco, no Rio de Janeiro, se deve também à circulação do vírus do tipo 3, introduzido na região no ano passado. Até agora, 76 casos do tipo 3 já foram confirmados por laboratório. O vírus tipo 3 aumenta a possibilidade de ocorrência de casos hemorrágicos.

Em São Paulo, os casos de dengue também estão sob vigilância. Campinas, a 92 quilômetros da capital, registrou quase 50 casos da doença nos últimos dois meses.

Apesar das campanhas, o combate tem sido difícil. No bairro Jardim Campo Belo, um dos mais atingidos, a população é muito pobre e não dispõe de água encanada. O armazenamento do líquido em tambores favorece o desenvolvimento do Aedes aegypti. Em Ribeirão Preto, a situação está controlada.

Mesmo assim, as autoridades de saúde acreditam que o verão vai multiplicar o número de casos suspeitos. Em 2001, a região teve mais de 15 mil casos, com quatro manifestações hemorrágicas e um óbito. Além de Ribeirão Preto, Barretos e Jardinópolis registraram muitos casos.

Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, já foram notificados de dezembro de 2000 a janeiro deste ano cerca de 1,9 mil casos. Pouco mais de 40 casos foram confirmados, inclusive com um hemorrágico. Doze carros de borrifação estão circulando pela cidade para combater o Aedes aegypti.

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