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Medo de terrorismo biológico pode gerar histeria coletiva

Belo Horizonte, 25 de Outubro de 2001 (Bibliomed). A revista científica British Medical Journal (BMJ) alertou em sua edição, publicada na semana passada, que o medo de antraz pode criar problemas psicológicos em longo prazo. A publicação trata até mesmo da possibilidade de que sejam desencadeados episódios de histeria coletiva. A revista afirma que o nível geral de medo e de ansiedade pode ser mantido pela população mundial nos próximos anos, acentuando os transtornos psicológicos que já existiam anteriormente. Este nível de temor pode aumentar os riscos de uma enfermidade coletiva.

Segundo a BMJ, as armas biológicas são bem diferentes da ameaça de bombardeios aéreos, que já eram comuns em algumas partes do mundo há vários anos. Os atentados a bomba são visíveis e quantificáveis, permitindo que as pessoas os administrem de forma racional. Já a guerra bacteriológica é uma ameaça invisível. As pessoas são incapazes de percebê-la e de adotar formas de proteção. O sentimento predominante diante desta situação é de impotência e angústia.

Um dos riscos é que a população se sinta frustrada e desconfiada de médicos e autoridades governamentais, que não podem garantir com precisão se a exposição rápida às armas biológicas traz perigo e sintomas.

O artigo sobre o medo de antraz foi assinado por Simon Wessely, professor de Psicologia do Instituto de Psiquiatria de Londres, Kenneth Craig Hyams, conselheiro médico do Departamento Norte-Americano para os Ex-combatentes, e Robert Bartholomew, sociólogo da James Cook University de Queensland, na Austrália.

Os especialistas alertam ainda que o clima de ansiedade e medo generalizado pode estar sendo agravado involuntariamente por atitudes que estão sendo adotadas pelas autoridades, que ignoram as considerações psicológicas. Um dos exemplos citados foi o uso de roupas especiais e todo o aparato mostrado pelos meios de comunicação todas as vezes que os investigadores estão em uma área que está sob ameaça do antraz. Ao invés de tranqüilizar a população, a imagem aumenta o medo.

No Brasil, os ministros das Comunicações, Pimenta da Veiga, e da Saúde, José Serra, afirmaram que o País não é uma rota preferencial para os ataques terroristas com armas biológicas. No entanto, os dois ministros garantem que o Brasil está preparado, com estoques suficientes para atender até 7.500 pessoas contaminadas pelo antraz. Serra tranqüiliza a população, afirmando que a doença não é fatal se for tratada a tempo. Segundo ele, no mercado nacional existem de cinco a seis antibióticos eficazes contra a doença. Para atuar em situações de emergência, há um grupo de 22 técnicos, preparados no Centro para o Controle de Doenças Infecto-contagiosas nos Estados Unidos.

Um dos pontos discutidos entre os dois ministros foi o reforço da segurança dos Correios brasileiros, sobretudo no manejo das correspondências endereçadas à estabelecimentos internacionais e embaixadas, e o treinamento de pessoas que trabalham nos aeroportos. Quem tem dúvidas sobre o assunto, pode buscar informações no site da Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz (www.fiocruz.br/ccs), que traz orientações sobre as atitudes que devem ser tomadas diante do contato com qualquer tipo de pó branco suspeito.

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