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10 de Maio de 2002 (Bibliomed). Especialistas declaram que, no caso de uma guerra biológica que inclua um grupo de vírus conhecidos como vírus de febres hemorrágicas (HFVs), que inclui o fatal Ebola, os Estados Unidos atualmente estão mal preparados para enfrentamento do conflito.
Existe nos Estados Unidos um grupo de defesa para estas possibilidades, chamado The Working Group on Civilian Biodefense. Este grupo reuniu 26 de seus representantes e apresentou suas recomendações de defesa no Journal of the American Medical Association. O grupo é formado por especialistas de centros médicos acadêmicos, grupos de saúde pública, forças armadas, agências do governo e outras instituições de controle de emergências.
Ao todo, segundo o relatório, existem quatro famílias de HFV, que causam oito doenças que trazem alto risco de uso em armas biológicas: Ebola, Marburg, Lassa, arenavírus New World, febre Rift Valley, febre amarela, febre hemorrágica Omsk e doença Kyasanur Forest.
O governo americano classificou as HFVs como agentes de bioterrorismo classe A, assim como o antraz. Uma epidemia de Ebola e Marburg causaria um impacto significativo na sociedade americana, devido à sua alta mortalidade e morbidade e falta de tratamento específico: apenas é possível dar tratamento de suporte aos sintomas causados. Além disto, são viroses fáceis de disseminar: algumas podem ser disseminadas pelo ar, outras como a febre amarela podem ser liberadas sob forma de mosquitos infectados, que contaminariam os indivíduos através de suas picadas; os indivíduos doentes se encarregariam de infectar outros mosquitos, alastrando ainda mais a doença.
Segundo o relatório, Borio e colaboradores observam que estes vírus já foram transformados em armas pela antiga União Soviética, Rússia e Estados Unidos. Existem relatos de que a febre amarela tenha sido transformada em arma pela Coréia do Norte. Além disto, até 1992, a União Soviética e a Rússia produziram grandes quantidades dos vírus Marburg, Ebola, Lassa e arenavírus New World com o objetivo de utilizá-los como armas.
Em 1969 os programas de armas biológicas foram suspensos nos Estados Unidos. Antes disto, pesquisadores americanos haviam desenvolvido armas utilizando os vírus da febre amarela e da febre Rift Valley.
O que aterroriza hoje os Estados Unidos é a existência de uma grande rede de terrorismo, que não reconhece os tratados de guerra e nem as determinações de instituições como a Organização das Nações Unidas. Estas redes de terrorismo, com todo o dinheiro e poder que detém, podem perfeitamente iniciar uma guerra biológica que teria conseqüências assombrosas. Haja visto o caos causado pelo anúncio da disseminação do antraz nos Estados Unidos, e as pessoas que foram infectadas por ele.
Atualmente, o único medicamento potencialmente eficaz contra as HFVs é a ribavirina. Contudo, este medicamento não é eficiente para todos os vírus e não está amplamente disponível. Além disto, como os médicos não estão familiarizados com estas doenças, o diagnóstico correto pode demorar, o que piora as chances de cura.
A conclusão do grupo de especialistas é que, dado o risco iminente de uso destes vírus como armas do bioterror, é imperativo que a sociedade civil, as forças armadas e a comunidade científica se preparem para enfrentar esta possibilidade, desenvolvendo protocolos, tratamentos e estratégias de defesa que visem melhorar o controle na vigência de um ataque biológico e reduzir os danos causados por estas armas.
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