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Família/ Dos Clones à Reengenharia dos Bebês

29 de Abril de 2000 (Bibliomed). A julgar pelo ritmo dos avanços no campo da engenharia genética, clones humanos e bebês lindos e inteligentes feitos sob medida podem sim ser uma, realidade, sobretudo se a ciência avançar movida apenas pelo lucro e sem levar em conta as questões éticas.

Desde que cientistas escocesses anunciaram, em fevereiro de 1997, o nascimento da ovelhinha Dolly, o temor de que o mundo poderia ser povoado não apenas por um, mas dois Michael Jacksons - ou então por clones de milionários narcisistas que não sabem mais o que fazer para assegurar a imortalidade - começou a parecer uma realidade. Fruto não da união de um esperma e um óvulo, mas do material genético de um animal adulto, Dolly trouxe a ficção científica para o presente. Ao menos em teoria, diziam as reportagens da época, seria possível clonar um ser humano.

Entretanto, a realidade de fazer da engenharia genética e da clonagem bens de consumo de massa, está ainda a léguas de distância. Em 1989, por exemplo, quando se identificou o gene responsável pela fibrose cística, o que se dizia é que a cura para essa doença respiratória seria descoberta dentro de uma década. Onze anos se passaram e, apesar dos esforços e da contribuição de mais de 150 voluntários que se dispuseram a servir de cobaia, a cura ainda é uma ficção.

A linha que separa as pesquisas que visam estabelecer a cura de doenças genéticas e a tentativa de se criar uma espécie humana "perfeita" é tênue mas é preciso bom senso para que a segunda preocupação não obscureça a primeira.

Um dos casos típicos de tratamento, que costuma chamar a atenção mais pelo medo de ser utilizado para criar bebês sob-medida, do que pelos benefícios que traz para muitas famílias que não conseguem ter filhos saudáveis, é a diagnose de pré-implantação genética. O tratamento é controverso, pois envolve o exame em embriões antes deles serem implantados no corpo da mulher para eliminar certas doenças hereditárias.

O PGD costuma ser utlizado em casos em que é alta a probabilidade da criança nascer deficiente ou com uma expectativa de vida muito pequena, dada a composição genética dos pais. Os mais comuns são hemofilia, fibrose cística e atrofia muscular na espinha, doença que costuma ocasionar a morte de bebês logo nos primeiros dias de vida.

O tratamento é feito a partir da fertilização de vários óvulos in vitro. Alguns dias depois de fertilizados, retira-se uma célula de cada embrião para identificar a existência de genes responsáveis por doenças genéticas. Três embriões saudáveis são então implantados no útero da mulher (um ou dois costumam se perder no caminho) e, tudo correndo bem, o resultado é um bebê saudável.

Na Inglaterra, berço do primeiro bebê de proveta, os exames são estritamente regulados por uma lei que proíbe seu uso para a seleção de genes que não estejam associados a condições médicas sérias ou deficiências graves, sobretudo letais. Isso exclui testes para identificar qualquer característica social e psicológica ou variações físicas normais. Além disso, de acordo com os especialistas, identificar ou imbutir genes para criar um bebê inteligente é "geneticamente impossível".

"Nós ainda não conseguimos nem identificar os principais genes responsáveis pela inteligência", diz a professora de medicina genética da Universidade de Liverpool, Christine Godsen. "O que dirá ser capaz de compreender como eles interagem e, depois, de manipulá-los."

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