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Telefonia Móvel Enfrenta Processos Por Razões de Saúde nos EUA

29 de Dezembro de 2000 (Bibliomed). Companhias de telefonia móvel devem passar a encarar processos judiciais por vítimas de tumores cerebrais nos Estados Unidos, disse um jornal na quinta-feira.

O britânico The Times afirmou que Peter Angelos, o advogado dos EUA que ajudou a arrancar 4,2 bilhões de dólares por danos da indústria do tabaco, estava planejando iniciar 10 litígios contra fabricantes de aparelhos celulares, além de operadoras de telefonia móvel e fixa.

A Verizon Wireless, a maior operadora móvel dos EUA, deve ser mencionada em quase todas as ações na Justiça, afirmou o jornal.

A notícia surge no meio de uma onda de preocupações sobre se a radiação dos aparelhos poderia causar tumores no cérebro dos usuários de celulares. As pesquisas nesse sentido falharam em tentar relacionar as duas coisas.

O grupo britânico Vodafone, que detém 45 por cento da Verizon, disse que o governo do Reino Unido patrocinou uma pesquisa publicada neste ano que dá aos telefones móveis uma relação limpa com a saúde.

O porta-voz da companhia Mike Caldwell afirmou que não tinha conhecimento de nenhum processo envolvendo a Vodafone diretamente, mas que a empresa vai se defender vigorosamente se for necessário.

"A indústria da telefonia móvel não é a indústria do tabaco", disse ele à rádio londrina BBC.

Um neurologista de Maryland, nos EUA, iniciou um processo de 800 milhões de dólares contra a fabricante de aparelhos telefônicos Motorola em agosto, bem como para oito companhias de telecomunicações e organizações, argumentando que o uso de celulares causou tumores malignos no cérebro.

SEM TESTEMUNHAS

Não há nenhuma evidência médica irrefutável de que os telefones móveis podem causar tumores cerebrais ou problemas de saúde.

O sócio do escritório de advocacia Lovells, em Londres, John Trotter, disse que os processos precisam de um especialista concordando em dizer que há uma possibilidade de relação entre os tumores e os celulares.

Os advogados dos EUA também poderiam estar esperançosos de que o tribunal permita a eles o acesso aos documentos das companhias de telefonia móvel.

"Eles têm esperança de descobrir documentos que podem mostrar algum tipo de conhecimento dos fabricantes (sobre possíveis danos à saúde)", disse Trotter.

Um estudo publicado em dezembro nos EUA também concluiu que não há qualquer interligação aparente, apesar de dizer que são necessárias mais pesquisas sobre o impacto do uso do celular para a saúde no longo prazo.

O estudo, feito pela American Health Foundation, foi capitalizado em parte por um grupo de pesquisa estabelecido pela indústria da telefonia celular, que colocou mais de 28 milhões de dólares numa conta obscura de um terceiro para financiar a análise.

Angelos, que lutou contra a indústria do cigarro nos EUA, planeja iniciar dois processos contra companhias de telefonia móvel antes de março de 2001, e as outras sete ou oito ações dentro de um ano, disse o The Times.

"Se essas empresas sabiam sobre os danos da radiação dos celulares elas podem ser punidas e essa punição pode ser cara: não apenas pelo que elas fizeram às pessoas, mas pelos bilhões de libras de lucros que obtiveram", disse um advogado da empresa de advocacia de Angelos, John A. Pica, segundo o The Times.

O analista de telecomunicações da Investec Henderson Crosthwaite Securities, Christian Maher, duvida que a história possa arranhar muito o setor. "Traçando um paralelo com a indústria do tabaco, é uma moedinha", disse.

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