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Cérebro Entende Linguagem de Sinais e Fala da Mesma Forma

Por Charnicia E. Huggins

NOVA YORK (Reuters Health)
- Pessoas completamente surdas possuem um processo de comunicação que pode ser mais similar ao de pessoas com audição normal do que se acreditava, afirmaram pesquisadores.

Imagens cerebrais mostram que áreas do cérebro similares são estimuladas em pessoas surdas quando vêem sinais de linguagem e em pessoas com audição normal ouvindo a fala.

"Algumas das mesmas áreas cerebrais usadas por pessoas com audição normal quando processam a linguagem da fala também são usadas por pessoas surdas ao processar a linguagem de sinais", disse Robert J. Zatorre, do Instituto Neurológico de Montreal, da Universidade McGill, no Canadá, à Reuters Health.

"Isso é notável e surpreendente pois a linguagem de sinais usa informação visual, e não sonora, e envolve as mãos e os braços, não os lábios e a língua", destacou o pesquisador.

Zatorre e sua equipe utilizaram a tomografia com emissão de pósitrons (PET) para medir o fluxo sanguíneo no cérebro de 11 pessoas completamente surdas e dez pessoas com audição normal.

"Descobrimos que, quando pessoas surdas processam (palavras e partes de palavras) através da linguagem de sinais visuais com as mãos, o mesmo tecido cerebral associado ao som estava envolvido", disse Laura Ann Petitto, em entrevista à Reuters Health.

Os resultados do estudo estão publicados na edição de 5 de dezembro de Proceedings of the National Academy of Sciences.

Por exemplo, quando foi solicitado aos participantes do estudo que criassem verbos a partir de substantivos apresentados em suas linguagens respectivas, eles exibiram uma atividade cerebral similar no plano temporal esquerdo, que participa do processamento de sons da fala. Resultados parecidos foram observados em outras tarefas linguísticas.

"O tecido cerebral (relacionado ao) som está fazendo mais do que pensávamos", afirmou Petitto.

"Em vez de ser usado exclusivamente para fazer o senso sonoro, esse tecido também tem sensibilidade aos padrões altamente específicos que nós, humanos, colocamos como som ou sinal toda vez que pronunciamos uma sentença", explicou a pesquisadora.

O editorialista David Caplan, do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, concorda que os resultados do estudo sugerem que o plano temporal esquerdo não está limitado ao processamento do som. Caplan ressaltou que esses resultados "não são totalmente inesperados".

Estudos anteriores sobre os efeitos do derrame "demonstraram uma similaridade considerável entre regiões cerebrais envolvidas no processamento da linguagem da fala e de sinais".

Sinopse preparada por Reuters Health

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